A quem serve a Justiça brasileira


6/8/2014 - Duas reviravoltas ocorridas ontem em dois casos mostram a quem serve a Justiça brasileira.

A primeira delas é que a perícia feita pelo Instituto de Criminalística e pelo Esquadrão Antibombas da PM comprovou que os objetos encontrados com os manifestantes Fábio Hideki e Rafael Lusvarghi, presos desde o dia 23 de junho, não são artefatos explosivos e sequer têm poder incendiário. Os objetos eram, na verdade, um pote de achocolatado e outro de tinta para tecido.

O resultado da perícia comprova a farsa dos inquéritos policiais montados contra ativistas que lutaram contra os gastos excessivos da Copa e por mais investimentos em serviços públicos.

A única justificativa da Justiça para mantê-los em prisão preventiva era a acusação de portarem material explosivo. Entretanto, apesar de não haver mais justificativas, os manifestantes permanecem detidos.

Assim como eles, dezenas de ativistas e integrantes de movimentos sociais permanecem presos Brasil afora, ou estão sendo processados, sem nenhuma prova, sob acusação de formação de organização criminosa.

Por outro lado, enquanto quem luta contra as injustiças permanece na cadeia, o mafioso Raymond Whelan, com fortes ligações com a Fifa, preso há um mês por comprovadamente liderar um esquema ilegal de venda de ingressos para a Copa, foi solto a mando do próprio Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi tomada pelo ministro Marco Aurélio Mello.

O esquema comandado pelo inglês Raymond Whelan foi descoberto pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, após meses de investigação na operação Jules Rimet. Whelan e outras 11 pessoas, inclusive membros da própria Fifa, são acusados de organização criminosa, cambismo, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.

Todo esse episódio revela que a Justiça tem lado, defende sempre ricos os poderosos e persegue quem se levanta contra as injustiças sociais.

O mínimo que a Justiça deveria fazer é rever imediatamente as prisões de Fábio e Rafael e encerrar esse processo judicial absurdo, bem como outros em tramitação em todo o país.

Basta de repressão e criminalização dos movimentos sociais!