Protestos contra austeridade reúnem milhares na Europa e mostram que luta da classe trabalhadora é uma só

25/6/2015 - A resistência contra os planos de austeridade econômica da Troika (União Europeia, Banco Central Europeu e FMI) e dos governos europeus vem crescendo, em uma luta que deve servir de exemplo à classe trabalhadora do Brasil. No último sábado, dia 20, milhares de jovens e trabalhadores foram às ruas do Reino Unido, Alemanha, Itália e França protestar contra os cortes nos orçamentos dos países, a retirada de direitos, as privatizações e os rigorosos planos econômicos impostos à Grécia.

Na Inglaterra, mais de 250 mil pessoas marcharam pelas ruas de Londres contra o ajuste fiscal promovido pelo primeiro-ministro David Cameron.

No início de junho, o chefe da política britânica anunciou uma nova rodada de privatizações e outras medidas de austeridade, com o corte de mais de 13 bilhões de libras (R$ 63,3 bilhões) nos ministérios e de 12 bilhões de libras em ajudas sociais nos próximos dois anos.

As consequências já são sentidas pela população mais pobre. Desde que o governo suspendeu o pagamento do aluguel social, centenas de famílias já foram despejadas de suas casas. Os organizadores da manifestação falam em iniciar uma onde de greves e atos de desobediência civil contra os cortes.

Na Grécia, o primeiro-ministro de Alexis Tsipras, eleito em janeiro com a promessa de colocar fim ao brutal ajuste fiscal imposto ao país pela Troika, pode fechar esta semana, um novo pacote de austeridade de 7,9 bilhões de euros (R$ 27,7 bilhões).

Com cerca de 20 medidas impostas pela União Europeia, BCE (Banco Central Europeu) e FMI, o pacote inclui o aumento e criação de novos impostos, novo corte de gastos públicos e redução das aposentadorias e aumento da idade mínima para 67 anos.

Assim como no Brasil, o objetivo do pacote é aumentar o superávit primário, reserva de dinheiro usada pelo governo para pagar a dívida externa aos banqueiros.

Desde o início da crise econômica na Grécia, em 2010, os planos de ajuste econômico recaem duramente sobre a classe trabalhadora, com a reforma do sistema de aposentadoria, suspensão da negociação coletiva salarial e trabalhista, revisão do direito de greve e da lei que regula as demissões coletivas, com o objetivo de facilitá-las. O Syriza elege-se para mudar esta situação, mas tem vacilado em romper com o imperialismo e atender as reivindicações da maioria da população que quer o fim da rapina no país.



Construir a resistência no Brasil
Qualquer semelhança com o ajuste fiscal que a presidente Dilma está aplicando no Brasil não é mera coincidência. O corte de investimentos em serviços públicos, aumento de impostos e a retirada de direitos trabalhistas e previdenciários promovidos pela presidente em conjunto com o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o Congresso Nacional nada mais são que o plano de austeridade determinado pelo imperialismo à Grécia e países europeus.

Tanto é assim, que a própria diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, esteve no Brasil no último mês para dar seu aval aos planos de Dilma.

Assim como na Europa, é preciso que os trabalhadores e a juventude do Brasil construam a resistência a estes ataques.

A construção de uma Greve Geral que una as centrais sindicais e os trabalhadores de todo país para barrar o ajuste fiscal está na ordem do dia. Em seu último congresso, realizado no início do mês, a CSP-Conlutas aprovou resolução com um chamado à CUT, CTB, UGT, Força Sindical e outras centrais e movimentos sociais a se unirem nesta luta.