Baltimore: novamente o racismo no coração do império

30/4/2015 - Nos Estados Unidos, o presidente é negro. Em Baltimore, a prefeita é negra e o chefe de polícia também. Inclusive, 63% da população é negra. Porém, isso não impediu que mais um jovem negro fosse morto nas mãos da polícia norte-americana e se desencadeasse no país uma nova onda de protestos antirracistas.

Desde o último final de semana, a cidade do estado de Maryland, a 40 km de Washington D.C, com cerca de 600 mil habitantes, vive um cenário de guerra. O governo decretou estado de emergência e toque de recolher. Prédios e carros foram queimados. Os primeiros levantamentos falam de quinze prédios e 144 carros incendiados. Há dezenas de feridos e centenas de presos.

O estopim da nova tensão racial é o caso do jovem negro Freddie Gray, 25 anos, preso no dia 12 de abril. Acusado de portar um canivete, vídeos gravados por testemunhas mostram que ele foi jogado no chão durante a detenção e gritava de dor ao ser colocado dentro de um carro da polícia. O jovem ficou em coma por sete dias e morreu no hospital, em decorrência de uma grave lesão na coluna vertebral. Seis policiais (todos brancos) foram afastados.

Desigualdade e racismo
Na cidade, a desigualdade é uma das mais marcantes dos Estados Unidos, com 23,8% de pessoas vivendo abaixo do nível da pobreza, segundo o Escritório do Censo. Gray morava numa das regiões mais carentes de Baltimore, no bairro de Sandtown.

Nesse bairro, mais da metade das famílias ganham menos de US$ 25 mil ao ano e mais de 20% da população adulta está desempregada, segundo um relatório oficial do Departamento de Saúde de Baltimore em 2011.

Nos protestos que comovem o país o sentimento é de indignação e revolta diante de uma situação que tem se repetido nos últimos anos no coração do imperialismo mundial.

Outros casos de assassinatos de negros, sempre por policiais brancos, como Michael Brown, Tony Robinson e Walter Scott, demonstram que a polícia norte-americana age de maneira racista e extremamente violenta. Chama a atenção o uso de técnicas de detenção e de armamentos totalmente impróprios.

O fato é que a onda de protestos por todos os EUA mostram como o país governado por Barack Obama continua um país racista, em que negros e negras são vistos como criminosos em potencial e alvos da polícia. Nada muito diferente do que ocorre no Brasil e o verdadeiro genocídio que a PM também promove nas periferias e favelas do país.

Os Estados Unidos enriqueceram com a escravidão e tem a mancha da segregação em boa parte de sua história”, disse o presidente do PSTU de São José dos Campos e suplente de deputado federal, Toninho Ferreira.

A política imperialista dos EUA, que promove a rapina e superexploração de outros povos, também tem sua aplicação dentro do próprio país, excluindo negros, imigrantes e os mais pobres. Assim, é uma junção de desigualdade e racismo que provoca tensões cada vez maiores”, opina Toninho.

Diante dos conflitos que tomam Baltimore nos últimos dias, Obama, os governantes e a imprensa tentam dividir os manifestantes em “pacíficos” e “vândalos”. Mas Martin Luther King, cuja morte há quase 50 anos também foi motivo de confronto em Baltimore, dizia: “Os distúrbios são a linguagem usada pelos que não são ouvidos”.

Somos todos Freddie Gray, Michael Brown, Tony Robinson, Walter Scott, Amarildo, Douglas, Jean, Cláudia e tantos outros mortos pelo racismo e barbárie capitalista.


*Com informações de agências de notícias