Prefeito de Jacareí permite destruição do patrimônio histórico

10/05/2019 - Prefeitura de Jacareí permite destruição de patrimônio histórico. Prédio que abrigava antiga fábrica de móveis é demolido, apesar de embargo judicial e processo de tombamento.

As edificações que abrigavam a Oca, uma das mais antigas e importantes fábricas de móveis do país, estavam em processo de análise de tombamento pelo Estado, por seu significado histórico, artístico e cultural. Ali foram fabricados móveis projetados pelo arquiteto Sérgio Rodrigues, que ganhou diversos prêmios internacionais, chegando, inclusive, a ter peças incorporadas ao Museu de Arte Moderna de Nova York.

Todo o complexo, por isso, fazia parte da memória da população de Jacareí, além de sua relevância em âmbito nacional.

O imóvel hoje pertence à empresa B.C. Empreendimentos e Participações Ltda., a qual, além de não conservar e evitar a deterioração desse patrimônio histórico, deu início à sua demolição.

Em vista disso, o Ministério Público ajuizou uma ação conta a empresa e Prefeitura, pedindo o embargo da demolição e, ainda, para obrigar a empresa a recuperar todas as edificações.

O embargo foi determinado pela justiça, mas, surpreendentemente, já no dia seguinte, todas as edificações estavam no chão, demolidas durante a noite.

A juíza do processo, então, determinou que a Prefeitura esclareça por que permitiu a demolição. Os responsáveis pela empresa, apesar de alegarem que não sabiam do embargo, por não terem sido intimados, vão sofrer inquérito policial por descumprimento de ordem judicial e destruição de patrimônio histórico.

O outro lado

Infelizmente, não é surpresa que, em uma época em que os governantes querem não apenas apagar a memória do povo, mas reescrever a história do jeito deles, um local histórico e cultural, parte da memória coletiva da cidade, tenha sido destruído.

E tudo isso por um único motivo: Permitir a instalação de uma loja Havan no local.

O próprio prefeito Izaias Santana veio a público defender a loja. E ficou irritadíssimo quando soube do embargo judicial, acusando a promotora que fez a ação de não querer o bem de nossa cidade.

O prefeito aliás, apareceu abraçado com o empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan, em um vídeo anunciando o empreendimento na cidade (https://www.youtube.com/watch?v=8IrORP_N3Cs).

Esse empresário é um dos mais fervorosos defensores do livre mercado e da economia ultraliberal, sendo crítico feroz dos serviços públicos que, em sua visão, devem ser todos privatizados. No entanto, é um dos maiores tomadores de dinheiro público, com nada menos de 50 empréstimos junto ao BNDES, sem pagar nenhum. Além disso, já foi processado por sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Agora, negociou com o governo federal o pagamento das dívidas, em 115 anos!

Fora tudo isso, o competentíssimo empreendedor ainda foi processado pelo Ministério Público do Trabalho por coagir seus funcionários a votar em Jair Bolsonaro em 2018.

Em vez de acolher e dar uma solução adequada de moradia aos sem-teto do Quilombo Coração Valente, entre tantos outros necessitados, é gente do tipo do dono da Havan que o prefeito Izaias abraça.

Para o bem de nossa cidade?

Célio Dias, trabalhador da GM, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região, da direção do PSTU

Foto: Instituto Sérgio Rodrigues/Acervo