Salas de aula superlotadas em 2019

19/12/2018 - Nem parece que acabamos de sair de uma campanha eleitoral, em que os candidatos Márcio França (atual governador) e João Dória (futuro governador) apresentaram propostas maravilhosas para a Educação pública. Nessa semana, os professores da rede estadual foram informados do fechamento de mais de cem salas de aula nas várias escolas de São José dos Campos. E também que, cada sala do ensino médio, deverá ter de quarenta a quarenta e quatro alunos.

Chegaremos à seguinte situação no próximo ano: uma escola com vários professores sem aula, várias salas fechadas e, as que estiverem funcionando, estarão superlotadas.

Muitos dos jovens que chegam ao ensino médio carregam deficiências de sua formação nos anos de curso fundamental. Sempre é necessário ao professor, ao apresentar um novo conteúdo, revisar assuntos de séries anteriores. A pior situação para o professor é quando o grande número de alunos na sala não permite um acompanhamento mais próximo, que detecte pelo menos em parte, as dificuldades de uma parcela dos alunos.

Os recursos de que dispõe um professor hoje da rede pública estadual são, na imensa maioria das escolas, iguais aos existentes há sessenta anos: giz, lousa e apagador. Se as avaliações mostram péssimos resultados no nível de ensino em nosso país e se o Estado alega não dispor de recursos para modernizar essa estrutura arcaica, seria razoável que nossos governantes não contribuíssem para torna-la mais precária. Mas, no Estado mais rico da nação, o governo pretende economizar alguns reais do Orçamento inchando as salas de aula e dificultando mais o processo de ensino-aprendizagem.

Numa situação como essa, desastrosa para o futuro do país, causa revolta aos educadores propostas que são apenas uma “cortina de fumaça” para esconder a falta de investimentos na Educação pública.
O inconstitucional e odioso projeto batizado de “Escola Sem Partido”, a chamada “reforma do ensino médio” e a nova BNCC – Base Nacional Curricular Comum, apenas servem àqueles que não querem destinar mais verbas ao setor e não tem compromisso com um ensino de qualidade para a população trabalhadora de nosso país.

Senhores pais, os seus filhos não merecem viver essa situação precária do ensino numa fase tão importante de suas vidas. Eles têm direito ao ensino público, gratuito e de qualidade.

Companheiros trabalhadores das várias categorias, os professores não podem continuar com os salários arrochados e ameaçados de desemprego a cada ano. Defender os professores é defender um país melhor para nossos filhos e netos.

Somente a união de todos nós pode barrar esse sucateamento planejado e implementado, sistematicamente, a cada ao em nosso Estado e em todo o país.


Ernesto Gradella (professor e membro do Conselho de Representantes da Apeoesp, ex-vereador e ex-deputado federal)

Foto: Claudia Martini/Divulgação