Bolsonaro quer aproximar trabalho da informalidade

14/12/2018 - O homem eleito para o mais alto posto da República defende que o trabalho no país seja o mais próximo possível da informalidade! Para Bolsonaro, o trabalhador brasileiro tem direitos em excesso. Tudo indica que, para reduzir esses direitos, não poupará esforços.

Depois de acabar com o Ministério do Trabalho, o mais novo alvo na batalha do presidente eleito para facilitar a vida dos empresários é o Ministério Público do Trabalho (MPT), órgão responsável pela fiscalização de crimes cometidos contra as leis trabalhistas, como assédios e trabalho escravo, por exemplo. Segundo Jair, os infratores precisam que no MPT se possa chegar e “a pessoa seja atendida como amiga”. É surreal ver aquele que ganhou as eleições dizendo que acabaria com a corrupção defender a investigação de crimes em clima de amizade.

O procurador geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, respondeu dizendo que a falta de pessoal para fiscalização dificulta a vida dos trabalhadores brasileiros e que no país “são desrespeitados direitos básicos, como aviso prévio, remuneração digna e há situações extremas, como trabalho escravo”.

Totalmente ao contrário do que dizem as declarações de Jair Bolsonaro, temos hoje uma situação que precisa ser revertida, não aprofundada.  Já não bastasse o quadro de desrespeito citado pelo procurador do Trabalho, em 2017 uma reforma trabalhista foi aprovada e piorou a situação. É bom lembrar que isso foi possível com o auxílio da maioria das Centrais Sindicais, que recuaram vergonhosamente na greve geral que poderia ter impedido essa reforma.

O que Bolsonaro não diz é que a desregulamentação trabalhista enche os bolsos dos patrões, mas não acaba com o desemprego. O caso da General Motors é bem elucidativo quanto a esse tema. A empresa recentemente fechou 5 fábricas nos EUA e Canadá e anunciou que pretende ainda fechar mais duas, sem declarar onde. Isso aconteceu mesmo tendo conseguido reduzir os direitos dos trabalhadores nessas fábricas, usando esse mesmo tipo de artifício, com termos como “flexibilização” e “reestruturação”.

A política que o governo eleito quer aplicar segue no mesmo sentido do que também foi feito pelo PT e isso não podemos aceitar. Nós trabalhadores precisamos estar atentos e identificar as medidas que favorecem os nossos interesses. Obviamente, para quem trabalha, seria melhor não se aproximar da informalidade, mas ter empregos com bons salários, férias, décimo terceiro e estabilidade para poder viver bem, justamente o contrário do que o governo pretende fazer.

Se esse governo não deixa dúvidas que irá continuar atacando os pobres para favorecer os ricos, podemos seguir o caminho do povo francês, que nos últimos dias vem dando um bom exemplo ao mundo todo. A grande vitória alcançada pelos protestos na França demonstra que com luta há muito o que conquistar e nada a perder. Em vez de nos sujeitar, precisamos é nos organizar para garantir empregos e salários dignos, com todos os direitos.

Por Toninho Ferreira, presidente do PSTU São José dos Campos