A saúde no Brasil e o programa Mais Médicos

16/11/2018A mais recente trapalhada de Jair se deu na saúde pública. Ao ofender os médicos cubanos, questionando sua capacidade, e desrespeitando o contrato firmado com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), Cuba decidiu retirar seus médicos do programa Mais Médicos. 

Além de ser uma canelada diplomática, esse fato tem um impacto grave e imediato para os brasileiros. Por exemplo, em Embu-Guaçu, município da Grande São Paulo, quase 90% dos médicos no programa são cubanos. “Corremos risco de desassistência e até de mortes” segundo Maria Dalva dos Santos, secretária municipal de Saúde.

Na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, 10 cidades serão atingidas e cerca de 110 médicos deixarão o país. Entre as cidades afetadas estão São José dos Campos, Taubaté e Jacareí.

O Ministério da Saúde anunciou um edital de emergência para a reposição dos médicos que, com o ocorrido, deixarão o país gradualmente já a partir da próxima semana, com previsão da saída de todos até 25 de dezembro. 

Apesar dos médicos cubanos serem a maioria (51,6%) do programa Mais Médicos, eles só são chamados quando as vagas ficam ociosas, sendo os últimos da fila, que prioriza médicos brasileiros. Por essa informação, já se percebe que a reposição desses médicos não será ágil e ampla, como precisaria ser para não gerar risco aos pacientes. Hoje, cerca de 1.600 municípios atendidos pelo programa têm as vagas ocupadas apenas por cubanos.

Duas conclusões necessárias

Primeiro, não devemos supor que, se Haddad tivesse ganho a eleição, a saúde seria uma prioridade no Brasil. Apesar do programa Mais Médicos ter sido criado em governos petistas, como muitos outros programas sociais, o PT ao não romper com o sistema e se aliar a burguesia e tudo que ela traz de pior (corrupção, políticos criminosos, etc.), permitiu que o Brasil chegasse ao caos que está hoje, na saúde, segurança, educação, com empregos precários e alto desemprego no país.

Segundo, quando um governo é eleito, muitos trabalhadores, na esperança de melhoras, procuram esperar um pouco, dar uma chance. Isso tem uma lógica: é reflexo de um desejo legítimo de ver o Brasil ir para frente, pois estão em jogo as vidas de milhões de pessoas. Porém, não devemos deixar de encarar a realidade: Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, Mourão, Onix Lorenzoni, Magno Malta e toda essa equipe do governo eleito são parte da mesma velha política brasileira e não representam os interesses dos trabalhadores. Aqui em São Paulo podemos dizer o mesmo de Doria e sua equipe.

Que fazer?

Eles não se incomodam em colocar em risco a saúde e a vida do povo, não se posicionam a favor dos empregos impedindo a entrega da Embraer à americana Boeing. Eles andam de mãos dadas com Temer, igual a Dilma fez, insistem no ataque à aposentadoria de milhões de brasileiros com a reforma da previdência, não pretendem acabar com os privilégios e salários altíssimos dos altos escalões dos poderes. #elesnão

Independentemente se você anulou, não compareceu, votou no Tiririca, no Haddad, no Bolsonaro, devemos deixar isso para trás, e agora seguir atentos e nos organizar. Os caminhoneiros mostraram que, quando quem realmente trabalha se mobiliza, é possível abalar o capitalismo, e esse sistema é realmente o problema, pois nas eleições mudamos as peças, mas não mudamos o jogo. Quem transporta, mas também quem produz, unidos a todos os trabalhadores do país, podem e devem se organizar. Será preciso unidade e mobilização para barrar os ataques que virão, como a Reforma da Previdência. As reivindicações e necessidades dos trabalhadores e do povo pobre terão de ser conquistadas na luta.

Por: B. Mendes, de SJcampos.