Assalto anunciado: em São José, empresas de ônibus pedem reajuste de até 30%, elevando tarifa a R$ 5

21/2/2017 - Novamente, se depender das empresas privadas que exploram o sistema de transporte coletivo em São José dos Campos, se locomover para ir ao trabalho ou à escola vai ficar ainda mais difícil. As três empresas que operam na cidade protocolaram pedidos de reajuste, que elevariam a tarifa em até 30%.

Das três concessionárias, a Saens Peña pediu o maior aumento que elevaria a passagem para R$ 4,97 (sem isenção de ISS) ou R$ 4,74 (com isenção). A CS Brasil reivindica R$ 4,85 (sem isenção) ou R$ 4,81 (com isenção). A Expresso Maringá quer R$ 4,88 (com isenção) ou R$ 4,73 (sem isenção).

Um absurdo. A tarifa atual, de R$ 3,80, já é proibitiva para muitos trabalhadores e estudantes, que hoje muitas vezes já têm de escolher entre comer ou pagar a passagem de ônibus para ir ao trabalho ou estudar. As propostas das empresas é praticamente um “assalto” ao bolso da população que depende do transporte coletivo pra se locomover.

Levantamento feito pelo jornal O Vale, demonstra que, desde 2010, os reajustes ficaram em torno de 13%, o que por si só já elevaria a passagem para R$ 4,30.

É preciso mobilizar para barrar
A Secretaria de Mobilidade Urbana informou que as propostas estão análise e que não haveria data para decidir sobre o pedido das empresas. Mas não podemos nos enganar.

Seja nos governos do PSDB ou do PT, a prática sempre foi atender os interesses das empresas de ônibus. E pior. Muitas vezes na “calada da noite”, como em 2013, quando Carlinhos de Almeida reajustou a passagem de R$ 2,80 para R$ 3,30, em pleno Carnaval, para tentar desmobilizar.
As mobilizações que tomaram as ruas em junho de 2013 obrigaram a Prefeitura de São José a voltar atrás, assim como ocorreu em várias outras cidades do país.

 “Ano após ano, as reclamações da população continuam em relação ao serviço de transporte coletivo. Ônibus lotados, déficit de linhas e horários, veículos em má estado de conservação. Ou seja, paga-se caro por um serviço ruim”, destaca Ernesto Gradella, ex-deputado federal e dirigente do PSTU de São José dos Campos.

“As planilhas apresentadas pelas empresas não são claras e até hoje nunca se fez uma auditoria séria para identificar os custos e ganhos reais deste setor, que pelo país afora, em vários casos se conformam como verdadeira máfias do transporte. Por isso, defendemos que assim como a saúde e a educação, o transporte coletivo é um direito e deve ser público e gratuito, para atender as necessidades da população e não estar a serviço de gerar lucro privado”, afirma Gradella.