#BastadeMachismo: neste sábado, dia 4, atos em São José denunciam cultura do estupro e violência machista

2/6/2016 -  Atos contra os recentes casos de estupro estão levando milhares de pessoas às ruas em todo o país. Em São José dos Campos, onde houve aumento dos casos de violência sexual, tendo ocorrido mais um nesta semana, acontecerão duas manifestações neste sábado, dia 4, para denunciar a violência machista e a chamada “cultura do estupro” que responsabiliza a mulher e não o estuprador.

Às 10 horas, na Praça do Sapo, o Movimento Mulheres em Luta (MML) realiza um ato para denunciar a violência machista, os estupros e a negligência dos governos. A manifestação contará com a participação de várias entidades, como a CSP-Conlutas e sindicatos de trabalhadores da região, como metalúrgicos, Correios e outros.

O PSTU participará da manifestação. Vamos denunciar os estupros e a violência machista que penalizam as mulheres e também levantar a bandeira do “Fora Temer - Fora Todos Eles”, pois é fundamental discutirmos que a responsabilidade de casos monstruosos como o estupro não é apenas do estuprador, mas também dos governos e do Congresso Nacional que não garantem investimentos públicos em políticas de combate à violência às mulheres e, pelo contrário, tomam medidas que aumentam os ataques às mulheres.

Às 14 horas, acontecerá outro ato, “Por todas elas”, na Praça Afonso Pena, que também reunirá mulheres de várias organizações e independentes. A proposta do ato, que está sendo convocado pelas redes sociais, é realizar uma passeata até a Delegacia da Mulher, na avenida Anchieta.

Casos de estupro chocam
O caso do estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro, que veio à tona na semana passada, chocou o país. Não bastasse a perversidade e a brutalidade da violência, tudo foi filmado, fotografado e postado nas redes sociais pelos criminosos, revelando o grau da barbárie machista que vivemos hoje no capitalismo.

Esta semana, uma advogada de São José dos Campos também foi violentada, comprovando que o estupro é uma tenebrosa realidade no país. A vítima, de 25 anos, foi abordada durante o dia, quando entrava em seu carro, estacionado nas imediações da sede do Sindicato dos Metalúrgicos, no centro da cidade. O criminoso a obrigou a dirigir em direção a uma região afastada do centro, próximo ao Clube de Campo Luso Brasileiro, onde a violentou.

Os casos de violência contra a mulher no Brasil cresceram 44,74%, em 2015, se comparado ao ano anterior. Dados da Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 indicam que no ano passado foram registradas 76.651 denúncias, ante 52.957, em 2014. Isso representa um caso de violência a cada sete minutos no Brasil. As ocorrências específicas de violência sexual --estupro, assédio e exploração-- saltaram 129%, de 1.517 para 3.478 relatos, o que representa 9,5 estupros por dia.

No Vale do Paraíba, os números também registraram aumento. Entre janeiro e abril deste ano, foram 209 estupros na região. Um aumento de 9,42% em relação ao mesmo período de 2015. Em São José dos Campos, esse tipo de crime teve alta de 111,7%, passando de 34 para 72 casos na comparação entre janeiro e abril deste ano com o mesmo período em 2015.

Os números são assustadores, mas a realidade é muito pior, pois os casos são subnotificados. Muitas mulheres não denunciam por medo, vergonha e por um motivo ainda mais grave: a cultura do estupro existente na sociedade, uma cultura que culpa e condena a mulher e não o estuprador.

A advogada de São José violentada essa semana contou que, na iminência de ser violentada, pensou muito em Beatriz, a jovem carioca vítima estupro coletivo, que foi alvo de crítica por que supostamente tinha uma vida ligada ao tráfico e por isso teria sido culpada pela violência que sofreu.

“Eu estava com o corpo todo coberto, com calça, blazer, andando à luz do dia, em um local geralmente movimentado. Minha roupa não era um convite, o lugar não era um convite. A intenção dele era me violentar. É impossível não se sentir desprotegida”, disse.

“O recente caso envolvendo a adolescente no Rio é emblemático. Apesar da perversidade e barbaridade do estupro, houve quem responsabilizou a vítima pelo acontecido. Foi assim por parte do primeiro delegado responsável pelo caso e para muitas pessoas nas redes sociais”, disse Janaína dos Reis, dirigente do Movimento Mulheres em Luta (MML).

“Por parte dos governos também vemos omissão, negligência e até cinismo. Dilma, apesar de ter sido a primeira presidente mulher, fez um governo que não investiu e até patrocinou políticas contra as mulheres. Temer acabou de empossar para a Secretaria de Mulheres uma ex-deputada evangélica que é contra o aborto até mesmo em casos de estupro, como propõe o projeto de Eduardo Cunha”, criticou.

"Nosso lema é mexeu com uma, mexeu com todas. Unidas e com luta, nós podemos combater a violência às mulheres e essa cultura machista que propaga que as mulheres são seres inferiores e mercadorias que podem ser exploradas, oprimidas e violentadas. É preciso o apoio de toda a população para denunciarmos esta situação absurda e exigir dos governos medidas que garantam a proteção das mulheres e a punição de estupradores”, afirmou.

Todos aos atos neste sábado, às 10 horas, na Praça do Sapo, e às 14 horas, na Praça Afonso Pena.

- Basta de Machismo!
- Basta da cultura do estupro! Nenhuma mulher merece ser estuprada!
- Abaixo o PL 5069 de Eduardo Cunha. Punir os estupradores e não as mulheres!
- 1% do PIB para as políticas de combate a violência contra a mulher!
- Fora Temer, Fora Todos Eles! Basta desses governos que oprimem e exploram as mulheres trabalhadoras!