“Privataria” tucana volta a atacar no Metrô de SP

30/7/2015 - Vem aí, mais um episódio da “privataria” tucana, que agora volta a atacar no Metrô de São Paulo. A mais nova promessa do governador Geraldo Alckmin (PSDB), anunciada na última semana, é entregar a operação da Linha 5 – Lilás do Metrô para exploração da iniciativa privada.

Mesmo quem não mora em São Paulo já deve ter ouvido falar na polêmica Linha 5. Em construção desde 2011, a linha, que deveria ter sido finalizada em 2014, já teve a entrega adiada para 2015, 2016 e 2018. Mesmo assim, Alckmin insiste em contrariar o calendário e defende que as obras estão “rigorosamente no prazo”.

Como não poderia deixar de ser, o preço também ficou bem mais salgado, passando dos iniciais R$ 6,9 bilhões para R$ 9 bilhões. E não será surpresa se aumentar ainda mais.

O que também não nos surpreende é o anúncio da privatização, que ainda não teve os detalhes divulgados, mas incluirá também o trecho da linha que já está em operação. Esta é, de fato, a lógica de governo do PSDB: atender aos interesses dos empresários que financiam suas campanhas.

Basta ver o exemplo da Linha 4 - Amarela, a única operada em esquema de Parceria Público-Privada (PPP), pela empresa ViaQuatro. Não por coincidência, esta empresa é composta pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa (que formam o Grupo CCR), pela Montgomery Participações e pela Mitsui.

Também não por coincidência, estas mesmas empresas são investigadas pela Polícia Federal por esquemas de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de cartel. Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa são alvos da operação Lava-Jato que, inclusive, já prendeu e condenou parte de seus executivos. Já a Montgomery foi investigada pelas operações Satiagraha e Alquimia. Por fim, a Mitsui teve seu vice-presidente de Transportes, Masao Suzuki, denunciado por participação no cartel dos trens, no esquema de corrupção conhecido como “trensalão” tucano.

Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), na última eleição, 56% da campanha de Alckmin foi bancada por empresas investigadas por fraudes e formação de cartel em licitações do Metrô.

Enquanto as empresas envolvidas em esquemas de corrupção são brindadas com as milionárias concessões dos transportes públicos, a população trabalhadora e a juventude sofrem com as altas tarifas e o sufoco que imperam nos trens e metrôs paulistas e em todo transporte público do estado.
Alckmin ainda teve a cara de pau de justificar a privatização pela facilidade na “gestão de pessoal” que a iniciativa privada tem. Ou em português claro, demissão de trabalhadores.

Assim, Alckmin mata dois coelhos de uma cajadada só: retribui o financiamento de campanha aos empresários e ainda se livra da mobilização dos metroviários, que no último ano colocou em xeque a política do governo para o setor.

Os trabalhadores não podem aceitar que o governo tucano entregue parte do patrimônio público nas mãos das empresas. Desde já, vamos dizer não à privatização da Linha 5 do Metrô.