FALA TONINHO: Em meio à crise hídrica e corrupção no Metrô, Alckmin propõe sua candidatura à Presidência

25/6/2015 - Envolvido até o pescoço na pior crise de abastecimento de água da história do estado de São Paulo e em meio ao grave escândalo de corrupção do Metrô, o governador Geraldo Alckmin lançou-se na semana passada como pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB.

A ofensiva do tucano ao Palácio do Planalto, oficialmente anunciada durante a convenção que elegeu o novo comando estadual do partido, só pode representar uma piada de péssimo gosto para milhares de trabalhadores paulistas diante da falta d’água, do caos na educação pública, dos inúmeros problemas nas obras do metrô, entre outros problemas que afetam o estado mais rico do país.

Para começar, o próprio pré-lançamento da candidatura de Alckmin é marcado por fatos que são, no mínimo, suspeitos. Afinal, bastou o tucano se colocar como pré-candidato à Presidência para que o TCE (Tribunal de Contas do Estado) aprovasse, logo em seguida, as contas de sua gestão à frente do estado em 2014.

O julgamento aconteceu em tempo recorde. Foram apenas noventa minutos para que os juízes, fiéis aliados do governador tucano, aprovassem as contas do governo mesmo com os inúmeros questionamentos sobre o atraso nas obras de saneamento e problemas no abastecimento de água, um dos temas mais caros à última gestão de Geraldo Alckmin.

Assim como este, outros questionamentos sobre a má gestão do governador presentes no processo de prestação de contas do estado foram vergonhosamente ignorados pelo TCE, o que facilitará, e muito, a campanha de Alckmin até 2018.

Passando por cima da tão defendida responsabilidade fiscal, usada geralmente para justificar cortes em serviços essenciais à população, o TCE simplesmente ignorou que o governo gastou R$ 355 milhões a mais do que recebeu no último ano. Onde esse dinheiro foi investido? Na educação, certamente não foi!

Segundo a própria prestação de contas do governo, Alckmin poderia ter dado o aumento salarial reivindicado pelos professores paulista durante os mais de noventa dias de greves. O argumento usado à época de que o estado não tinha dinheiro, pois já gasta mais do que pode com salários, é mentiroso.

No ano passado, as despesas com pessoal (R$ 73,6 bilhões) corresponderam a 39% do orçamento da máquina estatal, enquanto que o limite previsto em lei é de 49%. Ou seja, o governo só não deu o reajuste salarial dos professores porque trata a educação com descaso.

Enquanto isso, o gasto com terceirizados (leia-se empresas contratadas) chegou a R$ 15 bilhões e a dívida pública do governo com a União não para de crescer, chegando a incríveis R$ 197,8 bilhões.
Ou seja, a tal responsabilidade fiscal tão defendida pelo governo tucano e pelo próprio TCE só existe contra os trabalhadores, porque quando o assunto é dar dinheiro para as empresas, aí não tem crise.

Mais uma vez, Alckmin inicia uma pré-campanha sob a salvaguarda da Justiça, que vem fechando os olhos diante das inúmeras denúncias do envolvimento do governador no escândalo do “Trensalão” e insiste em fechar os olhos para as contas da Sabesp.

Defendemos que as denúncias sejam devidamente apuradas e sejam punidos e os bens confiscados de corruptos e corruptores. Mas, infelizmente, a própria Justiça não pensa o mesmo. E assim, com a cara mais lavada do mundo, Alckmin inicia mais uma campanha sem nenhuma moral para se colocar como a salvação do Brasil.

Por Toninho Ferreira, presidente do PSTU de São José dos Campos e suplente de deputado federal