VITÓRIA: Após um mês, metalúrgicos da Chery encerram greve e conquistam reivindicações


7/5/2015 - Terminou com vitória a greve iniciada há um mês pelos metalúrgicos da montadora chinesa Chery, em Jacareí (SP). Os trabalhadores aprovaram por unanimidade, nesta quinta-feira, dia 7, a proposta de acordo negociado entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas.

Logo após a assembleia de votação, ocorrida no Sindicato, os trabalhadores voltaram à fábrica. Esta foi uma das mais longas greves dos metalúrgicos da região, nos últimos 20 anos.

A greve começou no dia 6 de abril para pressionar a empresa a assinar as normas coletivas de trabalho do setor automotivo. Desde o início das negociações, a direção da Chery apresentou forte resistência em atender as reivindicações da categoria. Foram três audiências de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho – 15ª. Região, em Campinas.

Na última audiência, ocorrida na quarta-feira, a Chery aceitou os principais pontos da pauta de reivindicações, entre eles a cláusula 40 da Convenção Coletiva da categoria, que prevê estabilidade no emprego para os trabalhadores vítimas de doenças e acidentes do trabalho.

A Chery também concordou em reajustar o piso de R$ 1.199 para R$ 1.850 (retroativo a 1º de abril), estender o convênio médico para os familiares dos trabalhadores (a empresa pagará 35% do valor), redução gradual da jornada de trabalho de 44 para 42 horas semanais, data-base em setembro, fim da cobrança das refeições e estabilidade de 90 dias para todos os trabalhadores.

Foram aprovadas cerca de 50 cláusulas do acordo coletivo. Além disso, empresa e Sindicato darão início às discussões sobre o Plano de Cargos e Salários (PCS) e fim da terceirização irregular na fábrica. Dos 30 dias de paralisação, os trabalhadores terão de compensar apenas quatro.

Os pontos em que não houve acordo irão para julgamento no Tribunal, em data ainda não definida. A empresa não concordou, por exemplo, em estender o reajuste do piso para todas as faixas salariais, inclusive administrativo, como defende o Sindicato. A empresa propõe apenas 15% de reajuste, enquanto o piso será reajustado em 54%. Do quadro total de funcionários da Chery, 70% recebem o piso.

Foi uma grande vitória de toda a categoria, especialmente considerando o atual cenário do setor automotivo, que vem realizando demissões e férias coletivas. Os metalúrgicos da Chery mostraram que não aceitarão trabalho precarizado. O resultado dessa mobilização só confirma que a organização dos trabalhadores é fundamental para que a classe trabalhadora conquiste seus direitos”, afirma o presidente do Sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.

A Chery achava que contratando trabalhadores jovens seria fácil impor salários baixos e péssimas condições de trabalho. A greve provou exatamente o contrário. A juventude mostrou que é de luta”, disse o trabalhador da Chery e diretor eleito do Sindicato, Guirá Borba.

Informações: Sindmetalsjc


Leia: Greve enfrenta superexploração em montadora chinesa