Por um movimento mais consequente e verdadeiramente LGBT!

21/7/2014 - A sociedade pautada pela heteronormatividade só reconhece casais de “orientação” sexual hetero, sendo que nesses relacionamentos a prioridade é sempre o homem. A mulher deve ficar calada, de preferência cuidando da casa e dos filhos. Tudo que não se enquadre nas identidades de gênero e orientação sexual pré-programadas deve ser expurgado, apagado da sociedade.

A maneira de agir de muitos movimentos LGBT se assemelha bastante com este esquema, ao priorizar apenas um setor. O que pode demonstrar que apesar de fazer a luta contra as “leis” da heteronormatividade, o movimento LGBT vem reproduzindo isso em seu interior. Uma contradição que acaba impedindo a luta por importantes pautas de categorias da sigla.

A sigla LGBT diz que somos um movimento que luta por pautas de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros.  Mas, na realidade, as pautas de luta giram em torno de questões que são necessidades, prioritariamente, de homossexuais. Questões específicas da mulher lésbica, muitas vezes necessitam de grupos específicos dentro do grupo. Lutamos contra a homofobia como se fosse uma questão unicamente da orientação sexual homossexual. Mas, e a bifobia? E a transfobia?

Os bissexuais “não têm pauta”. São verdadeiros “estranhos no ninho” dentro do movimento.
No caso das pessoas trans o problema é ainda maior. Um verdadeiro apagamento é o que está acontecendo. Essa população tem demandas sérias e específicas que vêm sendo esquecidas nas ações e publicações da maior parte do movimento LGBT. Essas pessoas estão sendo empurradas, dia após dia, para a marginalização e a prostituição diante dos nossos olhos e continuamos todos imóveis.

A Lei da Identidade de Gênero tem enorme importância. É preciso lutar por ela. Mas é preciso mais. É preciso lutar por políticas públicas que produzam mudanças efetivas na vida das pessoas trans.
Derrubar a “cura” gay foi uma grande vitória do movimento. Porém, nada se fala sobre a cura trans que está em plena vigência. Em 2013, homens e mulheres trans sofreram uma grande derrota imposta pelo governo do PT. A portaria que reduzia a idade mínima de 18 para 16 anos para iniciar o processo de transexualização foi revogada pelo então ministro da saúde Alexandre Padilha. Tudo isso passou por fora das jornadas de junho, da qual o movimento LGBT foi vanguarda.

Situações como essas devem, no mínimo, acender um sinal de alerta para todo o movimento. Estamos, de fato, levantando a bandeira LGBT – lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros, com as demandas respectivas de todas as categorias envolvidas? Ou estamos “participando” do grupo, apenas por nossas demandas individuais?

O individualismo não nos levará mais longe em nossas conquistas. Unidos é que somos mais fortes! Por isso, é preciso acabar com as contradições dentro do movimento para fazermos uma luta mais consequente contra as imposições sociais heteronormativas.

E, principalmente, é necessário um movimento LGBT classista e combativo! As opressões vêm servindo aos patrões para aumentar a exploração sobre os oprimidos. Por isso, quem sente a homofobia, bifobia e transfobia cotidianamente em suas vidas são os LGBT da classe trabalhadora.

Nós, do PSTU entendemos que é preciso lutar pela construção de um verdadeiro movimento LGBT que represente, de fato, todas as categorias da sigla e que se construa junto à classe trabalhadora. Um movimento que lute pelo combate à homofobia, bifobia e transfobia, inclusive em seu próprio interior. E que lute pela ressocialização das pessoas trans e contra o apagamento de suas pautas dentro do movimento.

Secretaria LGBT - PSTU de São José dos Campos