#NaCopaVaiTerGreve: Motoristas de São José e Jacareí fazem greve e operação tartaruga nesta segunda-feira

Operação tartaruga em São José nesta segunda. Foto: Manuela Moraes
16/6/2014 - Colocando em prática o aviso de greve protocolado na semana passada, os motoristas e cobradores de São José dos Campos e Jacareí iniciaram nesta segunda-feira, dia 16, a mobilização na categoria pela Campanha Salarial.

Os funcionários da JTU, em Jacareí, entraram em greve. Com 480 funcionários, a paralisação é de 100% e os ônibus não circularam na cidade. No último dia 9, os trabalhadores já tinham realizado um protesto, com uma operação tartaruga pelas ruas da cidade.

Em São José, houve protesto dos trabalhadores das empresas CS Brasil, Saens Peña e Expresso Maringá do Vale, com uma operação tartaruga. A manifestação envolveu cerca de 80 ônibus. Durante uma hora, das 7h às 8h, os ônibus circularam em velocidade reduzida na Avenida José Longo, que é uma das principais da cidade.

A mobilização tem a participação ativa da Oposição dos Condutores, ligada à CSP-Conlutas, que deu início aos protestos na semana passada em Jacareí e realizou a operação tartaruga desta segunda-feira em São José.

Diante da mobilização dos trabalhadores, as empresas convocaram uma reunião para hoje, às 9h.

Reivindicações
A data-base da categoria é 1° de maio, mas as negociações estão em impasse. As empresas ofereceram reajuste de 5,82%, que corresponde apenas à inflação do período. Os trabalhadores reivindicam 10,82% de aumento salarial, convênio médico, reajuste do vale-alimentação e da PLR (de R$ 610 para R$ 1 mil), além de melhores condições de trabalho.

 “Os motoristas e cobradores mostraram que estão insatisfeitos com a proposta rebaixada oferecida pelas empresas e estão dispostos a ir à luta para conquistar aumento real. A categoria está mobilizada e não vai engolir choradeira de patrão”, afirma Paulo Ferreira da Silva, o Paulinho dos Condutores, membro da Oposição CSP-Conlutas.

Para Toninho Ferreira, presidente do PSTU de São José dos Campos, as reivindicações da categoria são justas e expressam a mesma situação que já ocorreu em outras cidades.

O transporte público tornou-se um setor dominado por empresas privadas que se enriquecem a custa da exploração e sofrimento dos trabalhadores e da população. Sem falar da péssima qualidade dos serviços prestados, é preciso destacar a exploração imposta aos trabalhadores, que em geral fazem jornadas exaustivas, cumprem dupla função e recebem baixos salários”, afirmou Toninho.

Para o presidente do PSTU, as prefeituras também têm responsabilidade.

Em São José dos Campos, a Prefeitura concedeu isenção de impostos por ano, até 2016, para as empresas de transporte coletivo, num total de R$ 3 milhões. A alíquota zero sobre o ISS (Imposto sobre Serviços) foi concedida pelo prefeito Carlinhos Almeida (PT), em contrapartida à implementação no bilhete único na cidade. Além disso, as empresas recebem 100% do valor de venda de publicidade nos ônibus, ficando 20% do espaço reservado para propaganda do governo.

Os governos são responsáveis pelos contratos de concessão, concedem subsídios e, na maioria das vezes, são coniventes com as empresas do setor, por que em vários casos elas são doadoras de campanhas eleitorais. Por tudo isso, é preciso que as empresas atendam imediatamente as reivindicações dos trabalhadores”, defende Toninho.

É preciso também mudarmos a atual situação do transporte público. Enquanto esse serviço essencial estiver nas mãos dos grandes empresários, não será garantido um transporte de qualidade à população. É preciso estatizar o transporte, com controle dos trabalhadores e da população e garantir Tarifa Zero”, disse.