Pedestre é agredida pela PM de SP e quase perde a visão

20/5/2014 - No dia 15 de maio, enquanto acontecia o ato do “Dia Internacional de luta contra a Copa” em São Paulo, Patrícia Rodsenko, 28 anos, foi atingida no rosto pela Polícia Militar. Ela não participava do protesto. Tentava voltar para casa depois de ir ao cinema com uma amiga. Com o metrô fechado, elas desceram a Rua da Consolação, no centro da capital paulista, momentos depois de a polícia ter dispersado a manifestação contra as injustiças da Copa, próximo dali.

A jovem relatou que passaram duas viaturas da polícia quando, de dentro de um dos carros, um PM atirou em sua direção, atingindo seu rosto. Patrícia teve um intenso sangramento e foi socorrida pelos próprios manifestantes. Ela sofreu uma lesão num osso da face e fraturou o nariz e terá de passar por uma cirurgia esta semana. Pela natureza dos ferimentos, acredita-se que tenha sido um disparo de bala de borracha. Os médicos que a socorreram afirmaram que por pouco a jovem não perdeu um olho, como aconteceu com um fotógrafo que cobria as manifestações de junho do ano passado.

Toninho Ferreira, advogado e militante do PSTU de São José dos Campos (SP), participava do protesto e ajudou a socorrê-la. “O ataque covarde a essa jovem mostra como a polícia não precisa de motivos para reprimir”, disse Toninho. “Vamos denunciar e exigir punição para esse absurdo”, afirmou.

No Facebook, Patrícia publicou uma nota sobre a agressão. “Eu não estava na manifestação que ocorreu aqui em São Paulo, mas sou totalmente a favor da população se reunir e expressar suas insatisfações com o Estado. Quantas vezes forem necessárias. Não é um favor o que os governos fazem ao deixar a população ir às ruas se expressar. É uma obrigação!”, escreveu.

PM mente
Após a repercussão do caso, Secretaria de Segurança do Estado de SP afirmou, em nota divulgada pela imprensa, que não teria utilizado balas de borracha. No entanto, a equipe da TV PSTU registrou os disparos. Porém, é irrelevante que tipo de arma atingiu Patrícia.

Não pretendo entrar numa discussão semântica sobre qual o nome do artefato que atingiu meu rosto na última quinta-feira. O fato inegável é que, sendo estilhaço de bomba ou bala de borracha, esse objeto quebrou meu nariz e por pouco não me cegou”, afirmou a jovem. “Uma polícia que atira no meu rosto é uma polícia que nos põe em dúvida com relação ao seu próprio sentido de existir!”, concluiu.

O que aconteceu com Patrícia é uma prévia do que pode acontecer durante a Copa. O governo federal, em parceria com os governos estaduais e municipais, tem investido pesado para garantir que nenhum protesto atrapalhe a realização do mundial. Se for preciso, serão repetidas as cenas de barbárie vistas nas Jornadas de Junho de 2013, quando a polícia aplicou sua violência de forma indiscriminada contra manifestantes, imprensa e população em geral.

Toda essa repressão só torna mais necessária do que nunca a organização dos trabalhadores e da juventude para, além de garantir seu direito à livre manifestação, protestar contra as injustiças de uma Copa que já é a mais cara da história.

Assista vídeo no You Tube com imagens do momento em que Patrícia foi socorrida
http://youtu.be/K7wRpfjNQzw