Com Dilma, Marina ou Aécio, país continuará nas mãos dos banqueiros

Banqueiros no programa do PT: 'Você quer dar esse poder a eles?'
19/9/2014 - A rápida ascensão de Marina Silva (PSB) nas pesquisas de intenção de votos vem gerando situações no mínimo absurdas. Agora, a fim de atacar sua adversária que já a ultrapassa em um provável segundo turno, Dilma Roussef (PT) voltou suas baterias contra a proposta de autonomia do Banco Central contida no programa da candidata do PSB.

Um comercial de 30 segundos do PT começou a ser veiculado na televisão nesse dia 9. Nele, o partido afirma que Marina quer "entregar aos banqueiros" o comando do Banco Central. "Os bancos assumem um poder que é do presidente e do Congresso (...) Você quer dar a eles esse poder?", questiona o programa bolado pelo marqueteiro João Santana e que, acredita-se, tenha sido testado com sucesso em pesquisas qualitativas com grupos de eleitores.

Se o PT acerta ao dizer que um país entregue aos banqueiros é prejudicial à população, por outro lado surpreendente pelo cinismo dessa estratégia. Dilma já se cansou de reafirmar que o Banco Central, em sua gestão, tem "autonomia" operacional. Assim como o projeto de autonomia formal de Marina Silva, isso nada mais é que um eufemismo para dizer que os grandes bancos é quem mandam na política econômica. Não é por menos que o setor financeiro seja um dos setores que mais lucram no governo Dilma. Só neste primeiro semestre os bancos lucraram R$ 37,2 bilhões. Os três maiores bancos privados lucraram juntos R$ 7,8 bilhões.

O banco campeão de lucros nesse período, aliás, foi o Itaú, que abocanhou R$ 3,8 bilhões nos primeiros seis meses do ano. Banco, aliás, cuja herdeira Maria Alice Setúbal, coordena o programa de governo de Marina e é uma de suas principais conselheiras. Marina, inclusive, que acusou Dilma de ter criado o "bolsa banqueiro" com sua política de juros altos. Crítica mais do que justa a um governo que destina o equivalente a 43% do PIB com juros e amortizações da dívida pública. O problema é que a programa de governo de Marina prevê mais ajuste fiscal a fim de garantir a continuidade dessa política econômica e a prioridade do pagamento dos juros da dívida.

Bancos mandam
Essa polêmica sobre o Banco Central se assemelha à polarização fomentada nas últimas eleições presidenciais ao redor das privatizações. A fim de atacar o então candidato tucano José Serra, o PT tascou a pecha de privatista no PSDB. E aí, o que Dilma fez após eleita? Privatizou portos, estradas, aeroportos e o megacampo de petróleo de Libra, que é, em valores, simplesmente a maior privatização que esse país já viu.

O PT recorreu ao tema das privatizações naquele período, pois sabia que a grande maioria da população repudiava a venda do patrimônio público ao setor privado. Da mesma forma, se hoje o PT recorre ao tema dos bancos, é porque sabe que grande parte do povo reconhece que os interesses dos banqueiros são contrários ao seu. Por isso mesmo não cita a gestão de Henrique Meirelles, ex-diretor do Bank of Boston, no Banco Central durante praticamente todo o governo Lula.

Assim como no caso das privatizações, tanto Dilma quanto Marina defendem a mesmíssima política econômica que significa, na prática, deixar o controle não só do Banco Central (responsável pela taxa de juros e da política cambial) mas de toda a política econômica nas mãos dos banqueiros. Tanto que a própria propaganda do PT contra os banqueiros foi em parte financiada por eles próprios. Segundo declaração apresentada pelo PT ao TSE, os bancos repassaram R$ 9,5 milhões à campanha de Dilma. Já Marina Silva recebeu R$ 4,5 milhões, R$ 2 milhões só do Itaú.

Ganhe Dilma, Marina ou Aécio, o país continuará nas mãos dos banqueiros, com ou sem "independência" do Banco Central.

Não há como mudar isso sem romper com os bancos, parar de pagar a dívida para investir em saúde e educação e estatizar o sistema financeiro, colocando-o à serviço dos trabalhadores, e não o contrário. É isso o que defende a candidatura Zé Maria presidente.

Fonte: http://www.pstu.org.br/pstu16/