Artigo: Argentina fora da Copa?

18/6/2018 - Nem todo mundo sabe, mas uma empresa israelense chamada Comtec pediu antes do início da Copa do Mundo a suspensão da participação da Argentina no torneio.

A alegação é de que houve discriminação religiosa dos argentinos que cancelaram o jogo contra Israel, que seria o último amistoso da seleção de Messi antes do início da competição mundial.

Como estamos vendo, a única coisa que pode inviabilizar a participação da Argentina na Copa é se o time não melhorar sua atuação e continuar a perder pênaltis como foi o caso no empate de 1 x 1 com a Islândia. Mas por que então tanta polêmica que levou cancelamento do jogo amistoso entre Argentina e Israel?


Até que não é difícil entender. Recentemente, o presidente dos EUA Donald Trump transferiu a embaixada americana em Israel para Jerusalém, cidade que é disputada por israelenses e palestinos. A mudança da embaixada é mais um sinal do apoio norte-americano para Israel, legitimando por tabela suas pretensões de manter o território.

O amistoso seria realizado no estádio Teddy Kollek, localizado não acidentalmente onde? Em Jerusalém. Por mais que Israel negue a escolha do local isso também tinha a ver com a necessidade de legitimar Israel e sua capital.

Mas por que Israel precisa tanto de ações políticas que lhe confiram legitimidade? A resposta é simples e lógica, Israel é um Estado ilegítimo.

Construído artificialmente em 14 de maio de 1948, obrigando cerca de 750 mil árabes que viviam na região a fugir, Israel aproveita todas as oportunidades que pode até hoje para cada vez mais expandir seu território, expulsar mais árabes e tentar se legitimar de todas as formas que puder, não poupando nem eventos esportivos.

Para dar um exemplo de como foi a construção de Israel imagine o seguinte: alguém invade a sua residência, toma todos os seus bens, ocupa todos os cômodos e te obriga a viver no banheiro. A partir daí, toda vez que você precisa passar por algum cômodo da sua antiga casa você precisa pedir licença ao invasor, sem contar que agora tudo que você pode ou não pode fazer depende da autorização dele. Não seria revoltante? É por isso que os palestinos não se rendem e sempre há conflitos na região, pois a simples existência do Estado de Israel é inaceitável.

Com o apoio principalmente dos EUA, mas também de outras nações que têm interesses políticos e econômicos na região, Israel vai acusando todos aqueles que não aceitam sua existência de terroristas e anti-semitas, quando, na verdade, ser anti-sionista não tem nada a ver com isso. Significa apenas não aceitar o massacre de Israel contra os povos árabes na região.

Diga-se de passagem, como afirmou o jornalista sírio Victorios Shams - que esteve em São José dos Campos para uma palestra sobre a guerra civil na Síria e para o lançamento do livro “País em chamas: sírios na revolução e na guerra”, da Editora Sundermann-, Israel é que persegue judeus de origem africana ou árabe, mostrando sua verdadeira face racista que quer imputar a outros.

Além disso o método israelense é mais que lançar acusações, também é perseguir a todos que denunciam sua história construída sobre o sangue e sofrimento humano.

Infelizmente, o governo brasileiro que provou ser inimigo de seu povo na recente greve dos caminhoneiros também é inimigo da justiça internacional e mantém acordos de livre comércio legitimando esta aberração chamada Israel.

Cabe a nós trabalhadores impulsionar campanhas de boicote contra as empresas e produtos israelenses que chegam ao Brasil, barrando nos portos e não comprando nas lojas.

Seria bom também seguir o exemplo caso a seleção brasileira marque algum jogo contra Israel depois da Copa, fazendo mobilizações para que não nos prestemos a este papel de legitimar este Estado sionista e racista.

Embora não seja possível confiar nas boas intenções de instituições cercadas por denúncias de corrupção como é o caso da CBF e nem mesmo outras como a AFA que é a federação argentina e marcou o amistoso, a pressão pode forçar o cancelamento como foi no caso de Argentina x Israel. O que acaba sendo um merecido tapa na cara do sionismo perante o mundo todo.


B.Mendes, trabalhador em São José dos Campos