Artigo: Nossa luta é contra o estupro e a violência às mulheres
O caso do estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro chocou o país. Não bastasse a brutalidade da violência, tudo foi postado nas redes sociais pelos criminosos, revelando o grau da barbárie machista que vivemos hoje no capitalismo. Esta semana, uma advogada de São José também foi violentada, comprovando que o estupro é uma tenebrosa realidade no país.
Dados oficiais revelam quase dois estupros por dia no Vale do Paraíba, mas a realidade é muito pior, pois os casos são subnotificados. Muitas mulheres não denunciam por medo, vergonha e por um motivo ainda mais grave: a cultura do estupro existente na sociedade, uma cultura que culpa a mulher e não o estuprador. Como se a roupa, o comportamento ou qualquer outra situação justificassem crimes hediondos como o estupro.
A culpa nunca é da mulher! Nenhuma mulher merece ser estuprada!
O fato é que o aumento da violência revela o grau da barbárie machista que vivemos, que leva à naturalização da violência sexual contra mulheres e a um machismo institucionalizado. A crise econômica tende, inclusive, a agravar essa crise social.
Por isso, é preciso que se diga: a violência contra a mulher não é apenas uma responsabilidade do agressor. Acima de tudo é dos governos que deveriam garantir políticas públicas para combater este tipo de situação e não o fazem.
Tanto o governo da presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), quanto o governo interino de Michel Temer (PMDB), são omissos. Dilma fez um governo que cortou verbas e foi conivente com políticas contra as mulheres. Temer acabou de empossar para a Secretaria de Mulheres uma ex-deputada evangélica que é contra o aborto até mesmo em casos de estupro.
São necessários investimentos de pelo menos 1% do PIB para as políticas de combate à violência contra a mulher.
Basta de machismo! Basta desses governos que oprimem as mulheres trabalhadoras! Fora Temer, Fora Todos Eles!
Por Janaína dos Reis, dirigente do Movimento Mulheres em Luta e do PSTU SJCampos
Artigo publicado no jornal O Vale, de 4 de junho de 2016