Artigo: "O PSDB, o Pinheirinho e a merenda"

17/5/2016 - Por Toninho Ferreira
Uma onda de ocupações escolares voltou a sacudir o Brasil nas últimas semanas. São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará estão com centenas de escolas ocupadas por estudantes secundaristas em uma forte mobilização em defesa de uma educação pública e de qualidade.

As mobilizações colocam em xeque a política de desmonte que os governos estão impondo à educação pública e protestam contra o sucateamento das escolas, os cortes nos orçamentos e a corrupção.

O caso de São Paulo é emblemático. No estado mais rico do país, a educação vive um verdadeiro desmonte, com queda de investimento nos últimos anos.

Depois das mais de 200 escolas ocupadas no ano passado, contra a proposta de reorganização da rede feita pelo governo Alckmin (PSDB), este ano são os estudantes de várias Etecs (escolas técnicas estaduais) que ocuparam as unidades e um dos motivos é a falta de merenda escolar.

Isso mesmo. Falta merenda escolar no governo que está envolvido no escândalo de corrupção denominado “máfia da merenda”, um esquema de superfaturamento, fraude e desvio de verba de merenda escolar, envolvendo a Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar) que, em troca de contratos, pagava propina a deputados, funcionários estaduais e de prefeituras.

Entre os investigados estão membros graúdos do governo Alckmin e do PSDB, entre eles, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez, e do ex-chefe de gabinete da Secretaria de Educação, Fernando Padula.

Vale lembrar que o deputado estadual Fernando Capez (PSDB) é irmão do juiz auxiliar do TJ-SP Rodrigo Capez, o mesmo que coordenou a violenta ação de despejo no Pinheirinho, responsável pelo festival de irregularidades jurídicas que aconteceram ali. Já Padula foi o mesmo que ordenou uma brutal repressão aos estudantes secundaristas em dezembro de 2015.


É como sempre dizemos: o dinheiro que falta na saúde, educação e nas áreas sociais vai para os ralos da corrupção.

Diante das ocupações das Etecs, Alckmin e o presidente da Alesp Fernando Capez agem com truculência e brutal repressão sobre os estudantes. Mas em relação à máfia da merenda, o PSDB não consegue dar uma resposta convincente. Ao contrário, Alckmin segue defendendo Capez e deu novo cargo a Padula.

A fraude envolvendo as merendas das escolas paulistas é mais um escândalo tucano que se soma ao grande esquema de corrupção nas obras do Metrô, que atravessou todos os governos do PSDB, desde Mário Covas, e segue até hoje sem punição de corruptos e corruptores.

O escândalo desmascara também o discurso demagógico dos tucanos que tentaram tirar proveito da Operação Lavo Jato para denunciar o PT. Mas seja na Lava Jato ou na máfia da merenda, o modus operandi da corrupção é o mesmo, revelando que PT, PSDB, PMDB são farinha do mesmo saco.

A lógica de Alckmin, assim como foi o governo Dilma e agora como também propõe Michel Temer, é aplicar um duro ajuste fiscal para que os trabalhadores e a juventude paguem a conta da crise econômica.

Só a luta unificada dos trabalhadores e estudantes pode derrotar os governos e seus ataques. É preciso uma forte greve geral no país para por para fora todos eles: Dilma, Temer, Aécio, Alckmin e esse Congresso Nacional, e derrotar essa política econômica que visa jogar nas costas dos trabalhadores os efeitos da crise.








Toninho Ferreira, presidente do PSTU São José dos Campos e suplente deputado federal

Artigo publicado no jornal O Vale, de 17 de maio de 2016