Dia 14, Audiência Pública, na Câmara de SJC, vai debater desnacionalização da produção da Embraer

9/12/2015 - O processo de desnacionalização da produção de aeronaves da Embraer será tema de uma audiência pública na Câmara Municipal de São José dos Campos, no próximo dia 14, às 17 horas.

A empresa tem levado pouco a pouco a produção de vários modelos para outras plantas fora do país, o que tem gerado demissões no Brasil, principalmente em nossa região.

A audiência foi convocada pela Câmara Municipal, a pedido do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. Entre os convidados estão a Embraer, o  prefeito Carlinhos de Almeida, secretários municipais e vereadores.

Desnacionalização e desemprego
Relatórios anuais da própria Embraer mostram que, desde 2010, a transferência de parte da produção da empresa para fora do país já vem afetando a curva de crescimento de emprego entre as unidades da empresa no Brasil e no exterior.

Em quatro anos (2009 a 2013), as contratações fora do país cresceram, em média, 61%. Enquanto isso, nas unidades da Embraer localizadas no Brasil o crescimento foi de apenas 13%. Ao final de 2009, 901 trabalhadores atuavam no exterior. Ao final de 2013, este número saltou para 1.976.

O relatório da Embraer não detalha em quais países as contratações aconteceram, mas a empresa tem fábricas em Portugal, Estados Unidos, China e Singapura. A empresa vem inclusive discutindo com o governo de Portugal a ampliação da sua planta no país.

A partir de 2016, a Embraer deve transferir toda produção dos jatos executivos para sua fábrica em Melbourne, Estados Unidos. Os modelos Phenom 100 e 300 começam a ser produzidos em janeiro.

Dinheiro público
A política de desnacionalização na produção de aeronaves acontece apesar dos financiamentos e contratos públicos que beneficiam a Embraer. A ajuda governamental não é pequena.

Nos últimos cinco anos, a Embraer recebeu US$ 4,9 bilhões em empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), considerando apenas os recursos destinados à exportação.

Para barrar o processo de desnacionalização das aeronaves da Embraer, o Sindicato dos Metalúrgicos, que é filiado à CSP-Conlutas, propõe o condicionamento de empréstimos por órgãos públicos à exigência de geração de empregos e transferência de tecnologia às empresas brasileiras.

 “Esta é uma situação muito grave e que tem de ser combatida por toda a sociedade. Com a audiência pública, o Sindicato quer convocar todos os vereadores, prefeitos da região, entidades de classe e trabalhadores de todas as categorias para se somarem à luta dos metalúrgicos. O que está em jogo são os empregos e a soberania do país no que se refere ao desenvolvimento tecnológico do setor aeronáutico. Não vamos ficar calados diante dessa situação”, afirma o vice-presidente do Sindicato, Herbert Claros.

No artigo "A luta contra a desnacionalização da Embraer", o ex-deputado federal e dirigente do PSTU de São José dos Campos, Ernesto Gradella, defende que essa luta precisa ser encampada por todos os trabalhadores e pela população em geral.

"Não se trata apenas dos empregos dos funcionários da Embraer, mas sim dos interesses de toda a classe trabalhadora, uma vez que estamos falando de um setor estratégico para a soberania e desenvolvimento tecnológico do país", afirmou Gradella.

"O PSTU apoia essa campanha do Sindicato dos Metalúrgicos. É preciso barrar esse processo de desnacionalização e acima de tudo lutar pela reestatização dessa empresa, sob controle dos trabalhadores, para que ela volte a ser um patrimônio público, voltado aos interesses do povo brasileiro", disse.