Após show, Caetano Veloso afirma que não voltará a Israel e cita carta enviada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José

9/11/2015 - Três meses após a realização de um show duramente criticado em Israel, o músico Caetano Veloso afirmou em texto publicado no jornal Folha de São Paulo, neste domingo, dia 8, que nunca mais voltará ao país. O músico também cita a carta envida pelo Sindicato dos Metalúrgicos em apelo para que ele e Gilberto Gil cancelassem o show em Tel Aviv, realizado no dia 28 de julho, em função da política segregacionista e de genocídio praticadas por Israel contra o povo palestino.

Além do Sindicato dos Metalúrgicos, dezenas de movimentos, como o BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), e personalidades, como o cantor inglês Roger Waters e o arcebispo sul-africano, prêmio Nobel da Paz e líder antiapartheid Desmond Tutu, enviaram apelos aos músicos, pedindo o cancelamento do show em repúdio à política israelense.

Após ter visitado a cidade de Susiya, na Cisjordânia, e visto de perto a opressão ao povo palestino, Caetano diz ter ficado “abalado” e afirma que acredita que nunca mais voltará a Israel.

No texto, Caetano relata que moradores locais confirmaram que as queixas dos militantes do BDS, campanha apoiada pelo Sindicato dos Metalúrgicos, são fundadas. O músico destaca ainda a avaliação do artista plástico israelense Izhar Patkin, que disse, em Tel Aviv, que acha boa a existência de movimentos, como o BDS, que denunciam as torturas de Israel.

Eis o trecho da carta do Sindicato citada por Caetano: "Nossa luta é por justiça, liberdade e igualdade. Nosso sindicato se soma ao movimento BDS por entender que esta é uma importante ferramenta pelo fim do Estado de Israel".

A crítica de Caetano à violência usada pelo Estado de Israel é importante, mas não deixa de ser tardia. Não foram poucos os apelos aos músicos para que cancelassem o show no país, o que, se de fato tivesse ocorrido, teria dado grande visibilidade à luta do povo palestino.

“Diante da mudança de postura de Caetano Veloso frente ao que de fato acontece naquela região, queremos convidar o músico a se unir à luta em defesa do povo palestino e integrar-se oficialmente ao BDS, como fez o cantor Roger Waters”, convidou o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José e membro da Secretaria de Relações Internacionais, Herbert Claros.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José passou a integrar a campanha do BDS em 2013, após discussão no 11º Congresso da categoria. Dentre as ações do BDS estão a pressão sobre empresas que mantêm relações econômicas com Israel, como Embraer e Avibras, a boicotarem o estado.

Apoio à causa palestina
Na sexta-feira, dia 6, cerca de 200 manifestantes em defesa da causa palestina realizaram um protesto em frente ao Consulado Geral de Israel, pedindo o embargo político e econômico do país. O ato foi mais um entre a série de manifestações organizadas em vários países pelo BDS.

Fonte: Sindmetalsjc