CUT, Força e UGT costuram com o governo proposta para reduzir salários e manter os lucros das empresas

26/5/2015 - Não ao PPE: redução de salários não garante emprego!

Por Luiz Carlos Prates, o Mancha

No mês de abril, o país perdeu quase 100 mil postos de trabalho com carteira assinada, o pior resultado desde 1992. Além disso, outros milhares estão com o contrato de trabalho suspenso (lay-off) ou em férias coletivas. Com as vendas em queda, as empresas estão reduzindo seus custos, cortando trabalhadores. Estas mesmas empresas, em particular as montadoras, receberam perto de R$ 100 bilhões em subsídios, desonerações e isenções nos últimos anos do governo Dilma, e não garantiram emprego.

Agora, o governo estuda um plano apresentado pelas centrais CUT, UGT e Força Sindical, supostamente para proteger o emprego. Segundo este plano, nos momentos de crise haveria uma diminuição da jornada em 30% e redução dos salários em 15%, sendo que a arrecadação do governo se manteria com as contribuições previdenciárias e trabalhistas. O dinheiro para pagar os outros 15% sairia de um fundo composto pelos recursos dos próprios trabalhadores, como o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

Como se pode perceber, as empresas não perdem nada e reduzem seus custos com o não pagamento integral dos salários, mantendo seus lucros intactos . É muito comum em época de aperto que os empresários venham com estas propostas de diminuição de salários. A diferença é que agora essa proposta parte dessas centrais sindicais, se inspirando na proposta do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, da CUT, com o Plano de Proteção ao Emprego (PPE).

Em um momento de crescimento da inflação, com uma subida dos preços dos alimentos, das tarifas , da gasolina, de um duro ajuste fiscal do governo Dilma e dos governos estaduais, que penaliza os trabalhadores e trabalhadoras com diminuição de benefícios e piora dos serviços públicos, vemos mais esta vergonhosa proposta de diminuição de salários com a desculpa de proteger empregos.

Esta proposta consegue ser pior do que o chamado lay-off , ao permitir aumentar o afastamento atual de cinco meses para um ano, e que poderá ainda ser prorrogado com a consequente redução dos salários.

Estabilidade no emprego já!
As empresas, que ganharam muito dinheiro nos últimos anos, continuarão mantendo seus lucros e estas centrais (CUT, Força Sindical e UGT) querem apresentar este plano como uma reivindicação e vitória dos trabalhadores se for implementado.

A CSP-Conlutas não se sente representada nesta negociação e repudia a proposta.

Chamamos os trabalhadores que neste momento estão com o emprego ameaçado em todo país a exigir do governo Dilma a imediata aprovação da estabilidade no emprego. Precisamos unificar as mobilizações contra as demissões que estão ocorrendo.

Queremos a redução da jornada de trabalho sem redução de salários e as empresas que insistirem em demitir em massa devem ser estatizadas e colocadas sob o controle dos trabalhadores. Dia 29 de maio estaremos juntos contra a PL da terceirização e as MP’s da Dilma , mas também vamos denunciar este PPE que reduz salários e não protege o emprego.

Mancha é da Executiva Nacional da CSP-Conlutas e da direção do PSTU