Raiva popular atinge governos Dilma e Alckmin: tempestade no horizonte?

11/2/2015 - Por Gabriel Casoni, membro da direção da regional PSTU Baixada Santista 

Uma sensação de desconforto toma conta do país. É como se o povo tivesse acordado com uma bruta ressaca e, de manhã cedo, em busca da água redentora, não a encontra-se em parte alguma.

O mal-estar aparece em todos cantos. Se fala mais da falta d’água do que futebol e novela, e o medo provoca as mais curiosas explicações e aterrorizantes prognósticos. E as reclamações são variadas. A dona da vendinha perto de casa lamenta o súbito aumento dos preços dos alimentos, que afugenta os clientes e diminui o lucro. O porteiro do prédio está indignado com o escandaloso aumento da passagem do ônibus, que seca ainda mais seu magro salário. O amigo operário da construção civil teme o desemprego na obra da Petrobras e o iminente calote trabalhista das empreiteiras. No elevador, o vizinho metalúrgico solta farpas com o preço salgado da gasolina e o descomunal aumento na conta de luz.

Nesse clima tão hostil não foi surpresa o derretimento da popularidade dos governos. O povo sente que foi enganado, traído e roubado. Alckmin prometeu que não faltaria água e que tudo estaria sob controle. Mentiu sem nenhum pudor. E mesmo se cair muita água do céu nos próximos meses, o cruel racionamento, que afetará especialmente os mais pobres, é certo. Esse cenário de caos era plenamente evitável, bastava planejamento e investimento enquanto havia tempo. Preferiram a mentira e a privatização da Sabesp. Alckmin e o PSDB precisam pagar pelo crime cometido.

Já a presidenta Dilma começou o mandado mas não sabe se o completará. Os índices de rejeição dispararam e o horizonte é sombrio: a economia deve entrar em recessão e a crise política é colossal. O PT paga pela traição às causas populares e operárias. O partido erguido pelas massas trabalhadoras se prostituiu aos poderosos. A corrupção desenfreada, o pacto satânico com os banqueiros, a aliança vergonhosa com as empreiteiras, o jogo sujo no Congresso, as coligações espúrias com os partidos e políticos de direita, estão levando à falência política um partido que, no passado, orgulhava a classe trabalhadora brasileira. Uma reflexão estratégica se faz necessária à esquerda: o projeto de conciliação de classe e a adaptação à democracia burguesa destruíram o PT enquanto alternativa para os trabalhadores.

A Direita busca surfar na onda de descontentamento popular que ameaça engolir o governo Dilma. Os tucanos falam em impeachment. Aos trabalhadores não cabe jogar água no moinho de Aécio Neves e companhia. Mas tampouco é nosso papel a defesa de um governo onde um banqueiro comanda a Economia, uma latifundiária dirige a Agricultura e todas medidas anunciadas são contra o povo trabalhador.

Os socialistas devem buscar dirigir a tempestade popular à esquerda, contra os tucanos e demos, mas também contra o governo Dilma e seus aliados de direita. Num país tão rico, com tantas riquezas naturais e um povo trabalhador e honesto, é possível e necessário uma transformação social, que dê a quem trabalha os frutos de seu suor. Enquanto meia dúzia de banqueiros, políticos corruptos e grandes empresários sugarem toda riqueza do país não haverá justiça social. O caminho está na luta!

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