Os metalúrgicos da GM de São José e o chamado a um dia nacional de paralisação em defesa dos empregos

Trabalhadores que estavam em lay-off conseguiram voltar à fábrica, mas sabem que só luta vai garantir postos de trabalho

12/2/2015 - Com os contratos suspensos (lay-off) desde setembro do ano passado, 798 metalúrgicos da GM de São José dos Campos viveram os últimos dias num clima de apreensão. A volta à fábrica estava prevista para o dia 9 de fevereiro, mas a empresa adiou a volta dos trabalhadores, abriu um PDV (Plano de Demissão Voluntária) e falava em “excedente de funcionários”.

Nesta quinta-feira, dia 12, o impasse foi resolvido. Após rodadas de negociação com o Sindicato, foi garantida a volta dos trabalhadores à empresa a partir desta sexta-feira, dia 13. Conforme acordo firmado no ano passado, os operários têm estabilidade garantida até o dia 7 de agosto.

O retorno foi comemorado pelos metalúrgicos que lotaram o Sindicato em uma assembleia nesta quinta. Contudo, uma das principais decisões da reunião foi a continuidade da mobilização em defesa dos empregos e um chamado público a todas as centrais sindicais do país para a construção de um Dia Nacional de Mobilização.

A volta dos companheiros do lay-off é uma importante vitória. É muito comum o lay-off terminar em demissão. Aqui, o acordo que o Sindicato assinou com a montadora não permitiu que isto acontecesse. Mas a luta ainda não acabou.  Vamos fortalecer as mobilizações em defesa do emprego e pra isso estamos convocando todas as centrais sindicais a se somarem a nossa luta. Não aceitaremos nenhuma demissão”, afirmou o presidente do Sindicato, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.

O setor industrial no país vive uma recessão e no setor automotivo somente no ano passado foram fechados 12 mil postos de trabalho. Lay-offs e férias coletivas se espalharam pelas empresas, que ameaçam novas demissões. Somente no Vale do Paraíba, empresas como a Volks, Ford e Maxion também fizeram cortes.

Os metalúrgicos da GM aprovaram uma carta a ser enviada às centrais sindicais (veja abaixo), com o chamado ao dia nacional de luta contra as demissões, mas que também propõe a mobilização contra a política de ajuste fiscal do governo Dilma e as medidas provisórias 664 e 665, que reduzem o acesso ao seguro-desemprego, auxílio-doença e pensão por morte.

Ainda em defesa dos empregos, os trabalhadores exigem da presidente Dilma Rousseff (PT) que edite uma medida provisória determinando a estabilidade no emprego e impedindo remessa de lucros ao exterior por parte das multinacionais que demitirem.

Para o presidente do PSTU de São José dos Campos e suplente de deputado federal, Toninho Ferreira, a posição dos metalúrgicos da GM é o caminho para defender empregos.

Mesmo tendo sido beneficiadas nos últimos anos com bilhões do dinheiro público, por meio de isenções e incentivos fiscais, as montadoras agora estão atacando brutalmente os trabalhadores e o governo Dilma não faz nada para barrar as demissões”, lembrou Toninho.

A greve dos trabalhadores da Volks mostrou a força da mobilização, que é possível defender empregos. O lema demitiu, parou precisa se espalhar nas categorias. Só a mobilização e a unificação das lutas dos trabalhadores pode impedir os ataques das empresas e garantir os empregos, bem como ir além e derrubar o pacote de maldades que o governo Dilma está impondo aos trabalhadores brasileiros”, disse.


Confira a carta aprovada na assembleia dos metalúrgicos:


Carta dos Trabalhadores da GM de São José dos Campos à população e às centrais sindicais

Nós, trabalhadores da GM de São José dos Campos, viemos nos manifestar frente à atual situação que vivemos de ameaça de demissão e corte de direitos.

Em todo país, milhares de trabalhadores estão sendo demitidos ou ameaçados de demissão, particularmente nas empresas automotivas. Esses ataques acontecem mesmo após as montadoras terem recebido bilhões de reais em incentivos fiscais por parte do governo Dilma e dos governos estaduais e enviarem outros bilhões de dólares a suas matrizes no exterior
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Só no Vale do Paraíba, esta situação atinge trabalhadores da GM, Volks, Ford, Maxion e dentre tantos outros. Outros milhares de trabalhadores da Petrobras estão sem receber salários e também enfrentam demissões, como consequência do grande esquema de corrupção que atinge a empresa.

Também sofremos com a alta generalizada dos preços, a exemplo da gasolina, energia, água e alimentos. Por outro lado, os trabalhadores não assistem a esta situação calados. Em todo país, ocorrem greves e manifestações, como as que ocorreram na Volks e ocorrem na Comperj e no funcionalismo público do Paraná.

É preciso unificar essas lutas. Por isso, chamamos todas as centrais sindicais a construir um Dia Nacional de Paralisação contra as demissões e o pacote da presidente Dilma que reduz direitos,  como o seguro-desemprego, o auxílio-doença e  pensão por morte.

Exigimos do governo Dilma, que tanto concedeu incentivos fiscais às empresas, que edite uma medida provisória determinando a estabilidade no emprego e impedindo a remessa de lucros ao exterior por parte das multinacionais que demitirem. Os trabalhadores não podem pagar pela crise criada pelos empresários e governos.

- Não às demissões. Demitiu, parou!
- Pela redução da jornada de trabalho, sem redução de salários.
- Pela revogação da medidas provisórias 664 e 665.
- Pela revisão da tabela do Imposto de Renda.
- Por um Contrato Nacional de Trabalho que garanta empregos e direitos em todo país.
- Por um Dia Nacional de Paralisação contra as demissões e o ajuste fiscal do governo Dilma.

São José dos Campos, 12 de fevereiro de 2015