Termina em vitória a greve na Volks: demitidos são reintegrados

16/1/2015 - Terminou agora de manhã a greve da VW do ABC. A assembleia dos trabalhadores aprovou o acordo negociado pelo sindicato com a empresa que assegurou a reintegração dos 800 trabalhadores demitidos no início de janeiro. A reintegração dos demitidos constitui uma vitória muito importante da greve, ainda que haja contradições importantes no acordo aprovado.

O acordo negociado tem como base a proposta que foi recusada na assembleia de dezembro. Prevê reajuste zero dos salários neste ano (nem a inflação) e inflação mais 1% no ano que vem. A diferença na proposta atual é que os trabalhadores receberão em 2015, na forma de abono, o correspondente ao reajuste da inflação (ou seja, recebem em dinheiro o correspondente ao aumento da inflação, mas sem incorporar ao salário). E abre um Plano de Demissão Voluntária para reduzir o número de trabalhadores da fábrica.

Os trabalhadores comemoraram efusivamente a aprovação do acordo, apesar de tratar-se de um acordo que, como se pode ver, tem aspectos muito ruins. E estão certos os trabalhadores em comemorar, pois a reintegração dos demitidos era o objetivo fundamental da greve e, na circunstância em que se deu este conflito, é uma vitória muito importante do movimento. Dificilmente se conseguiria um acordo em condições melhores, já que a própria direção do sindicato defendia a proposta que havia sido rejeitada em dezembro.

A luta continua
Agora é preparar a continuidade da luta. Se o PDV aberto agora não atingir o número de postos de trabalho que a empresa quer fechar, ela vai querer retomar as demissões. Os trabalhadores precisam estar preparados e a melhor forma de fazê-lo é pavimentar a construção da unidade nacional dos trabalhadores na luta em defesa do emprego.

Em todo o país estão acontecendo demissões. É preciso unir a todos em uma só luta para assegurar a estabilidade no emprego. E o caminho é a greve. Não adianta fazer como o governo fez todos estes anos – destinar recursos públicos para as empresas. E não podemos aceitar também, a chantagem das empresas para promover redução dos direitos e benefícios dos trabalhadores em troca do emprego. Isto é inaceitável pela injustiça que significa, mas além disso, já está mais que demonstrado que aceitar redução de direitos não garante emprego, pois as demissões ocorrem de toda forma.

Tampouco podemos deixar passar batido os ataques feitos pelo governo aos nossos direitos, sejam as medidas adotadas em dezembro (que atacam o seguro desemprego e o auxílio doença), sejam os cortes no orçamento da educação e da moradia feito agora em janeiro.

Os trabalhadores precisam se mobilizar contra a ganância das empresas e exigir do governo uma lei que proíba as demissões; que proíba a remessa de lucros das multinacionais para o exterior; que estatize as empresas que demitirem em massa e a redução da jornada de trabalho sem redução salarial. Junto com isso precisamos exigir do governo a revogação das medidas tomadas até agora que atacam os nossos direitos (seguro desemprego, auxilio doença, etc).

O governo até agora só tomou medidas para favorecer as empresas. Porque não pode tomar medidas para proteger o trabalhador?

Neste sentido o dia 28 de janeiro, definido pelas centrais sindicais como Dia Nacional de Lutas em defesa do emprego e contra os cortes de direitos trabalhistas e sociais promovidos pelo governo, é uma primeira e importante oportunidade para buscarmos dar uma dimensão nacional a esta luta.

Demitiu, parou!
Outro significado importante do resultado obtido pela greve é a sinalização para os demais trabalhadores do país. É preciso generalizar esta orientação. Em todo lugar onde houver demissões a ordem tem de ser parar todo mundo e cobrar, das empresas e do governo, a manutenção dos postos de trabalho e dos direitos dos trabalhadores.


Por Zé Maria, presidente nacional do PSTU 
(publicado originalmente em sua página no Facebook)