Seis meses de ocupação, seis meses de esperança e luta

21/2/2014 - No dia 23 de agosto de 2013, em uma sexta-feira chuvosa e fria, cerca de 200 famílias pobres de Osasco decidiram ir à luta pelo direito a ter um teto para morar, como última alternativa que é dada àqueles que não nascem em berços de ouro.

Na madrugada, marcharam em direção a um terreno no bairro Santa Fé, próximo ao Pico do Jaraguá, que nunca fora utilizado. Lá, no alto daquele morro, mesmo em meio até de cobras, montaram suas barracas. Ali se iniciava a Ocupação Esperança.

Nem bem haviam se instalado, a primeira visita que receberam foi da Guarda Civil Metropolitana de Osasco, fortemente armada, que tentou de todas as formas intimidar as famílias que ocupavam o local. Dois dias depois, foi a vez da PM ameaçar e tentar retirar as famílias. Duas ações totalmente ilegais, uma vez que sendo um terreno particular, a ocupação só poderia ser desfeita por uma decisão judicial.

Desde então, apesar de várias ameaças e ataques, em nenhum momento as famílias deixaram-se intimidar e continuaram a construir seus barracos, um pedaço de sonho para uma vida nova, longe do monstro, convencionalmente, chamado de aluguel. Até hoje, lutam e resistem.

No próximo domingo, dia 23, comemoraremos os seis meses da Ocupação Esperança.
Nem um fuzil foi capaz de intimidar a convicção dos trabalhadores e trabalhadoras que decidiram se unir para lutar por dias melhores, para lutar por um direito elementar, que é ter um teto para morar. Esta é a mensagem que em primeiro lugar deixamos!

É absurdo que em um país com dimensões continentais, existam quase sete milhões famílias sem ter onde morar, enquanto só em São Paulo existam, de acordo o censo do IBGE de 2010, cerca de um milhão de domicílios vagos, entregues à especulação imobiliária de uma “meia dúzia”.

Até mesmo uma grande parcela dos trabalhadores, que compraram imóveis na modalidade do Programa Minha Casa, Minha Vida em até 360 vezes, não terão condições de pagar seus financiamentos. Isso por que o endividamento é uma realidade mesmo para aqueles que conseguem o financiamento da casa própria.
A renda é tão baixa que o risco da inadimplência é real e impositivo. E é comum famílias perderem seus imóveis pela execução das dívidas por bancos e construtoras que nos últimos anos nunca lucraram tanto, graças a incentivos governamentais.

Isso tem de mudar! Queremos moradia e não ver nosso direito transformado em “mercadoria”. Queremos uma política habitacional e fundiária para, de fato, garantir moradia à população pobre, e não para garantir lucros aos empresários.

Por essas razões e outras mais, queremos exaltar todos aqueles trabalhadores e trabalhadoras, guerreiros e guerreiras da Ocupação Esperança que há seis meses resistem e lutam pelo direito à moradia.

Queremos convidar todos à comemoração destes seis meses, conquistados a “ferro e fogo”. As atividades terão início às 14 horas, do dia 23, na própria ocupação, que fica no Bairro Santa Fé.

Salve a luta do povo trabalhador de todo o mundo!  Salve a Ocupação Esperança! Salve a capacidade de organização dos de baixo para lutar! Viva o Luta Popular!

“Nós somos o bando de louco, de louco por moradia! Quem acha que é pouco é por que nunca passou uma noite fria”! (Este canto por várias vezes foi entoado pela Ocupação Esperança nas suas longas caminhadas pelas ruas e avenidas de Osasco em direção à Prefeitura, em busca de uma solução para que o direito de moradia fosse cumprido).


Por Danilo Firmino, do Movimento Luta Popular de São José dos Campos