“São José 2030”: a cidade que os empresários querem e a cidade que queremos

18/12/2013 - Os rumos do desenvolvimento de São José dos Campos é atualmente uma das principais discussões do empresariado da cidade. No final de novembro, empresários, juntamente com a Prefeitura, realizaram o seminário “São José 2030”.

Patrocinado pelos shoppings Colinas, Vale Sul e CenterVale, o evento contou com a presença do engenheiro Ozires Silva, ex-presidente da Embraer, e teve o apoio de entidades como ACI (Associação Comercial e Industrial), AEA (Associação dos Engenheiros e Arquitetos) e Aconvap (Associação das Construtoras do Vale do Paraíba).

Como palestrantes, os organizadores convidaram figuras como o dono da TV Vanguarda, filiada da Rede Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, o diretor superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano, o arquiteto e urbanista Edo Rocha, o secretário de Urbanismo do Rio de Janeiro, Sérgio Dias, e o arquiteto Ruy Ohtake.

No evento, só entravam convidados, em sua maioria, empresários e aliados políticos do governo Carlinhos. Como um trabalhador comum, interessado no futuro da cidade, tentamos nos inscrever por meio dos telefones e emails disponíveis, mas, como resposta, ouvimos que só poderia participar quem tinha sido convidado. O Teatro Colinas estava cercado por seguranças e cerimoniais que fiscalizavam os convites, que tinham o caráter de “intransferível”.

A pergunta que surge é o que, de fato, se discutiu nesse evento. A resposta é: propostas sobre o desenvolvimento da cidade para atingir muitos, mas para beneficiar poucos.

No dia seguinte do seminário, a imprensa regional destacou que o prefeito Carlinhos prometeu aos empresários flexibilizar a lei de zoneamento, uma das principais reivindicações do setor da construção civil e imobiliário nos últimos tempos, de olhos na especulação e nos lucros que poderão obter.

Já sabemos muito bem que quando prefeitos e empresários se reúnem para discutir os rumos de uma cidade, o tema não é outro, senão obras e medidas que obedecem à lógica do lucro e não aos interesses da população e crescimento sustentável.

Vimos nesta semana um exemplo claro: o Rio de Janeiro sem dúvida foi a cidade que mais teve obras e modificações por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas. O resultado é o dinheiro público jogado pelo ralo literalmente. Bastou uma grande chuva, que ocorre todos os anos, para os trabalhadores cariocas se virem embaixo d’água, com suas casas, roupas, eletrodomésticos, toda uma vida arruinada, após bilhões de reais terem sido gastos em megaempreendimentos.

Vale citar que um dos convidados para o evento foi inclusive o Secretário de Urbanismo do Rio de Janeiro, Sérgio Dias, o responsável por todas as modificações na cidade carioca, onde centenas de famílias foram removidas de suas casas, e que projetou o túnel que, na semana passada, ficou inundado pelas chuvas até o teto.

São com esses empresários e aliados que o prefeito Carlinhos resolveu discutir e tomar decisões sobre o futuro de São José dos Campos!

Uma cidade para os trabalhadores
O Brasil precisa mudar e São José dos Campos não é diferente. Chega de governos que só agem a serviço dos interesses de uma minoria, enquanto o povo trabalhador continua na pior, vivendo nos piores bairros, tendo que pegar vários ônibus para ir de casa ao trabalho, pagando caro e por um serviço ruim.

Nas escolas e hospitais o que vemos é mesmo caos em todo lugar. Falta médico e os poucos que têm, trabalham demais para dar conta da demanda. Dilma trouxe médicos do exterior, mas não há enfermeiros e investimentos em equipamentos. Um médico sem bisturi é a mesma coisa que um carro sem roda, seja brasileiro ou estrangeiro.

A saúde precisa é de investimento! Como em todas as áreas sociais. Mas pra isso, as cidades têm de ser pensadas e planejadas para atender os trabalhadores e a maioria da população e não um punhado de empresários que só pensam em lucro.

Carlinhos até agora não regularizou os bairros que prometeu durante a campanha. Ao contrário, já disse que não fará nem um terço do que prometeu e essa semana anunciou a demolição de mais de cem casas em áreas supostamente de risco, sem um estudo mais aprofundado.

Ao contrário de mudar a Lei de Zoneamento e o Plano Diretor da Cidade para beneficiar uma minoria, o prefeito Carlinhos tem de garantir é uma Reforma Urbana que garanta moradia e vida digna a todos os trabalhadores e trabalhadoras de São José.

Por tudo isso, queremos fazer um chamado a todos os trabalhadores a que no próximo ano possamos sair às ruas e lutar pelo que queremos e necessitamos: moradia, saúde, educação, transporte público e barato.

Vamos discutir um programa de Reforma Urbana para São José, visando uma cidade para todos trabalhadores e a maioria da população. Vamos dizer bem alto que da Copa abrimos mão! Queremos saúde, moradia, transporte e educação!

Por Danilo Firmino, do Movimento Luta Popular e militante do PSTU