Segundo mandato já começou: aumento dos juros, da gasolina e cortes no orçamento

Henrique Meirelles, forte cotado para ministro da Fazenda
5/11/2014 - Os primeiros dias após o segundo turno das eleições presidenciais já mostraram como será o segundo mandato do governo Dilma. Nem bem os votos que deram a apertada vitória ao PT acabavam de ser contabilizados, o governo já sinalizava aos banqueiros e grandes empresários.

No último dia 29, apenas dois dias após as eleições, o Banco Central aumentou a taxa de juros de 11% para 11,25%, surpreendendo até mesmo o mercado financeiro. A medida, tão criticada por Dilma durante a campanha eleitoral, deve piorar ainda mais uma economia já estagnada, aumentar os gastos com a dívida pública aos banqueiros, além de nada servir para o controle da inflação, concentrada principalmente nos preços dos alimentos e nas tarifas públicas.

Aumento da gasolina
O que vai sim pressionar a inflação, e de forma generalizada, é o aumento que o governo acaba de autorizar na gasolina. Ainda sem data para entrar em vigor, especula-se que o aumento, que também vai atingir o óleo diesel, fique na faixa dos 5%.

O último aumento ocorreu no final de 2013 com a desculpa da elevação do preço do petróleo no mercado internacional, que estaria provocando custos de importação maiores à estatal. No último período, contudo, ocorreu uma baixa da commoditie (matéria-prima cotada no mercado internacional). Mesmo assim, a Petrobrás e o governo vão aumentar o preço do combustível a fim de garantir os lucros dos acionistas estrangeiros da empresa.

Pra completar o tarifaço, a conta de energia já está ficando mais cara nos estados. A Light, empresa de energia do Rio, acaba de aumentar sua tarifa em 17,75%. A média dos aumentos na luz em todo o país deve ficar em 18% este ano. E para 2015, prevê-se mais um aumento de 20%.

Ajuste fiscal
Mas se alguém pensa que essas medidas são emergenciais para acalmar os ânimos dos mercados e que tem efeito de curta duração, está muito enganado. Longe de serem ações pontuais, são indicações da política econômica do governo para o próximo período, ou seja, um aprofundamento da política que já vem aplicando, com os mesmos cortes no Orçamento que Dilma afirmou que Armínio Fraga faria caso Aécio Neves (PSDB) ganhasse as eleições.

O governo já afirmou que haverá um forte ajuste fiscal para o próximo ano, ou seja, um corte no Orçamento para garantir o pagamento da dívida pública, que deve ficar entre R$ 40 e R$ 50 bilhões. Além da redução nos investimentos, um corte dessas proporções vai necessariamente afetar as áreas sociais, como saúde e educação. Já a redução nos investimentos vai ser compensada com as concessões à iniciativa privada, a forma com que o PT chama as privatizações.

Claro que esse corte não deve afetar os salários dos políticos. Muito pelo contrário, os deputados articulam neste momento um aumento em seus salários de mais de R$ 26 mil, que deve impactar o Orçamento em R$ 38,1 milhões.

Presidente do Bradesco que chegou a ser convidado
para ministro da Fazenda
Nas mãos dos banqueiros
Já para comandar o Ministério da Fazenda, o governo convidou ninguém menos que o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco. O fato da campanha do PT ter criticado a ligação de Marina Silva com o Itaú não impediu que o partido buscasse o sucessor de Guido Mantega entre os representantes dos banqueiros. Trabuco não aceitou, mas, de qualquer forma, o novo nome que substituirá Mantega será alguém plenamente confiável do mercado, muito provavelmente Henrique Meirelles.  Ele foi diretor do Bank of Boston e assumiu o Banco Central no primeiro governo Lula.

Com isso, os bancos vão continuar no comando da economia do país. Não foi à toa que, neste ano, enquanto a economia desalecera e as demissões aumentam na indústria, os bancos vem tendo lucros recordes. Em 2014, Itaú, Bradesco e Santander lucraram juntos R$ 27,4 bilhões, 27% a mais que 2013.

O conjunto de medidas que Dilma vem impondo ou preparando para o próximo período mostra que, numa conjuntura de crise ou recessão, o governo quer jogar seus efeitos nas costas dos trabalhadores.

fonte: www.pstu.org.br