Manifestação reúne 2 mil pessoas e exige anulação das demissões na GM

14/8/2015 - Em defesa dos empregos, os trabalhadores da GM de São José dos Campos realizaram nesta sexta-feira, dia 14, uma das maiores manifestações já registradas na cidade. Cerca de 2 mil pessoas fizeram uma passeata ao longo de sete quilômetros, chamando a atenção para as demissões realizadas pela montadora.

Foram quatro horas de manifestação, marcada por uma grande representatividade. Além dos metalúrgicos da GM, seus familiares, também estiveram presentes representantes de sindicatos de vários locais do país, centrais sindicais, movimentos sociais e estudantil e partidos políticos.

Os metalúrgicos, que entraram nesta sexta-feira no quinto dia de greve, exigem que a GM anule as centenas de demissões realizadas desde o dia 8 de agosto e abra negociações com o Sindicato. Ao longo da manifestação, os manifestantes cobraram ainda a intervenção dos governos para que intervenham em defesa dos empregos.

Não faltaram denúncia e exigências ao governo Dilma, responsável por beneficiar as montadoras nos últimos anos com o repasse de dinheiro público e diante das demissões não fazer nada em defesa dos trabalhadores.

A participação dos familiares dos demitidos chamou a atenção. O longo trajeto sob um sol forte não desanimou esposas e filhos dos demitidos que participaram de todo o percurso, numa demonstração da força e da unidade que esta luta na GM está provocando.

Durante o protesto, os manifestantes caminharam pela Rodovia Presidente Dutra, na pista sentido Rio-São Paulo, entre os quilômetros 145 e 146, por cerca de meia hora. Motoristas que trafegavam no local tocavam as buzinas e acenavam em sinal de apoio à luta dos metalúrgicos, que já ganhou repercussão nacional.

Nas ruas, moradores saiam de suas casas e também demonstraram solidariedade.

Sindicatos e movimentos
Sindicatos de todo o país enviaram representantes para prestar apoio e solidariedade aos metalúrgicos da GM. Estiveram presentes trabalhadores e dirigentes sindicais de várias categorias como metroviários de SP, operários da construção civil de Fortaleza, servidores federais, trabalhadores do judiciário, aposentados, petroleiros, Correios, alimentação, funcionários da USP, estudantes, metalurgicos, etc.

Das centrais sindicais, estiveram presentes a CSP-Conlutas, CGTB e Intersindical. Entre os partidos, PSTU, PSOL e PT.

O prefeito de São José, Carlinhos Almeida (PT), e vereadores também participaram da manifestação. No início da semana, o Sindicato reuniu-se com o prefeito e cobrou uma posição em defesa dos trabalhadores e pela anulação das demissões.

Diversos sindicatos internacionais, como o UAW (sindicato dos trabalhadores dos setores automotivo, aeroespacial e agrícola dos Estados Unidos), enviaram moções de solidariedade.

Metalúrgicos da GM de São Caetano do Sul, que foram recentemente demitidos e chegaram a realizar um acampamento na porta da fábrica.

O presidente do Sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, falou da importância da luta dos trabalhadores da GM.

"Temos a responsabilidade de unificar a luta com os trabalhadores das outras montadoras, contra as demissões e retirada de direitos. Vamos dizer não à redução de salários e sim à estabilidade no emprego. Se for pra cortar salário, que seja de quem está em Brasília", disse.

O presidente nacional do PSTU, Zé Maria, participou de todo o ato.
No encerramento da manifestação, Zé Maria defendeu a construção de uma Greve Geral no país para derrotar os ataques dos governos e dos patrões.

"No tempo das vacas gordas, as montadoras não chamaram os trabalhadores para dividir os lucros. Ao contrário, receberam dinheiro dos governos. Na hora da crise, eles continuam enchendo o bolso com a demissão de trabalhadores. Por isso, precisamos de uma greve geral e estabilidade no emprego para todos", disse.

Para Toninho Ferreira, presidente do PSTU de São José, os metalúrgicos da GM estão mostrando o caminho. "Já são cinco dias de uma forte greve, em que os próprios trabalhadores estão se auto-organizando e decidindo sobre a mobilização. É um exemplo de luta que precisa ser seguido pelos trabalhadores das outras montadoras que enfrentam situação semelhante. A vitória contra as demissões na GM será uma vitória de todos os trabalhadores do país! É hora de unificar a luta contra as demissões e em defesa do emprego!", afirmou.

Audiência no TRT
Na segunda-feira, dia 17, GM e Sindicato encontram-se pela primeira vez para discutir sobre as demissões. Haverá uma audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho – 15ª Região, em Campinas, às 13h30. A GM entrou com pedido de dissídio coletivo contra a greve. Um grupo de trabalhadores vai à Campinas acompanhar a audiência.