É hora de lutar por estabilidade no emprego e redução da jornada

28/4/2014 - Trabalhadores de montadoras estão vivendo um momento de demissões, férias coletivas e suspensão de contratos. Mais uma vez, as empresas querem usar a classe trabalhadora para “adequar a produção” e assim garantir que os lucros não sejam afetados.

Para nós, do Sindicato, o caminho é bem diferente. Reafirmando nossa pauta histórica já entregue à presidente Dilma, é preciso garantir estabilidade no emprego para os trabalhadores e reduzir a jornada para 36 horas sem redução de salário.

Chega de beneficiar as montadoras com incentivos fiscais. Somente com a desoneração fiscal do setor (como redução de IPI e Inovar Auto), já foram R$ 27 bilhões que deixaram de entrar nos cofres públicos.

O Brasil é o quarto maior mercado do mundo para o setor automotivo. Nos últimos cinco anos, houve um crescimento de 21,8% na produção, o que significa que nunca se produziu tantos veículos no país. Mesmo que agora o setor passe por um cenário de queda nas vendas, não há nada que justifique os ataques aos trabalhadores, como tem acontecido na GM, Volkswagen, Fiat, Ford, Mercedes-Benz, Renault, Scania, Peugeot e Iveco.

Ainda há muita gordura a ser queimada, após tantos anos de lucros acumulados. Basta dar uma olhada na remessa de lucros do setor. Segundo dados do Banco Central, as fabricantes de veículos instaladas no país foram as que mais enviaram lucros para fora do Brasil em 2013. Foram nada menos do que 3,3 bilhões de dólares (ou 7,3 bilhões de reais). O valor é 35% superior ao de 2012.

Mesmo diante de todas as evidências de que não há motivos para demissões, governo, CUT e montadoras se unem para defender um modelo alemão que usa recursos públicos para preservar os lucros das empresas. Pela proposta, os trabalhadores poderiam ser afastados por até dois anos, mas parte dos salários seria paga pelo governo.

Ora, não podemos admitir que o dinheiro do povo seja novamente usado para beneficiar grandes multinacionais. E tem mais: na Alemanha, as empresas são proibidas de demitir. Lá existe estabilidade no emprego. Mas sobre isso ninguém falou durante as reuniões entre governo, montadoras e CUT!

Lamentamos que centrais e sindicatos que deveriam defender os interesses dos trabalhadores se mantenham do lado dos patrões. Neste ano, já foram mais de três mil demissões.

Contra todo esse abuso, queremos chamar os trabalhadores à mobilização.

Vamos exigir do governo Dilma que nenhum centavo seja dado às montadoras, que as empresas que demitirem sejam estatizadas, garantia de  estabilidade no emprego e redução da jornada para 36 horas para os trabalhadores. Também vamos chamar as centrais sindicais a assumirem seu papel de defesa dos direitos do trabalhador e se unirem nesta luta.

É hora do povo sair às ruas para lutar em favor do emprego e dar um basta nos privilégios dados aos patrões!

Fonte: www.sindmetalsjc.org.br


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