Depois do 15M, Greve Geral já!

20/3/2017 -  Editorial do jornal Opinião Socialista 532

A gigantesca mobilização que sacudiu o país no 15 de março demonstrou que a greve geral é plenamente possível. A classe trabalhadora mostrou que tem disposição de luta, força e que quer derrotar as reformas de Temer.

O obstáculo para a greve geral, até agora, tem sido as cúpulas do movimento. É preciso que as centrais sindicais façam a sua parte. Não é possível mais justificar a ausência da definição de uma data para a realização de uma greve geral.

Nos últimos meses,  a maioria das  centrais rejeitou a proposta da CSP-Conlutas de convocação de uma greve geral. Diziam que a classe trabalhadora não teria disposição para fazer a greve, porque haveria uma onda conservadora no país, teria havido um golpe e a classe estaria na defensiva .

Esses foram os argumentos usado pela direção da CUT, por exemplo. Já a cúpula da Força Sindical foi pelo caminho da negociação das reformas, argumentando não haver força para derrotá-las porque Temer seria muito forte, como diz Paulinho da Força.

O dia 15 de março demonstrou, categoricamente, que o problema não está embaixo: está em cima. A classe quer e tem disposição de fazer greve geral. É um verdadeiro crime contra os trabalhadores que dirigentes busquem negociar as reformas. Essas emendas configuram graves ataques à aposentadoria. Basta dizer que as emendas apresentadas por Paulinho da Força, por exemplo, defendem idade mínima de 60 anos em vez dos 65…

A tarefa é impedir a aprovação das reformas. Com greve geral isso é possível. Ela só não acontecerá se as centrais sindicais não definirem uma data unitária.

Se não fizerem, vai caber aos sindicatos na base e aos comitês de luta contra as reformas tomarem para si a tarefa fazer o que precisa ser feito.

Fora Temer e Todos Eles!
Temer, na maior cara de pau, disse, no dia 15, que a maioria da população apoia as reformas. O governo e o Congresso são um antro de corruptos que representam a si próprios e os interesses de meia dúzia de banqueiros e empresários.

Por isso, defendemos botar abaixo já esse governo e todos os corruptos, incluindo a maioria de pilantras desse Congresso.

Os trabalhadores precisam de um governo que pare a sangria de recursos públicos e suspenda o pagamento da dívida pública aos banqueiros. Um governo em que os de baixo governem por Conselhos Populares. Um Governo Socialista dos Trabalhadores, sem patrões e sem corruptos. O Brasil precisa de uma revolução dos de baixo para derrubar os de cima.

Lula não fala em nosso nome
As centrais sindicais, de maneira unitária, convocaram o 15 de março como um dia de paralisações e manifestações contra as reformas da Previdência e trabalhista.

Foi um dia fortíssimo e evidenciou que a base está pronta para uma greve geral, diferentemente do que diziam as cúpulas das centrais. Outra questão que ficou muito evidente foi a disposição de luta e a indignação com as reformas, o governo, o Congresso e os corruptos.

A maioria dos presentes não era controlada pelas direções. Nisso lembravam as manifestações de junho de 2013. Ao mesmo tempo, eram diferentes em função da sua composição social. O 15 de março foi composto eminentemente pela classe trabalhadora e setores populares.

A participação de Lula no ato de São Paulo foi polêmica. Dar a Lula o fechamento do ato não fortalece a luta. Tentar transformar uma ação unitária contra as reformas em palanque para a eleição de 2018 enfraquece e divide. Hoje, 90% estão contra Temer e as reformas e a favor de uma greve geral. Porém mais de 50% não apoiam “Lula 2018”, muito menos “volta, Dilma”.

Uma manifestação como a do dia 15 na Avenida Paulista deveria ser coordenada pelos mesmos que convocaram as paralisações e manifestações, ou seja, o comando unitário das centrais. A Frente Povo Sem Medo, entretanto, de maneira divisionista e oportunista (com apoio do PT e da CUT) tentou transformar o protesto num ato da Frente Ampla, colocando a defesa de Lula e do PT acima da ação unitária. É necessária a mais ampla unidade para fazer a greve geral e derrotar as reformas, mas isso não passa por atos em prol de Lula 2018.

Numa manifestação unitária, todos os partidos que a apoiem devem ter o direito à palavra. Portanto, o PT decide quem quiser para falar em seu nome. Assim como a palavra deva ser assegurada ao Solidariedade de Paulinho da Força e outros que eventualmente estejam contra a reforma da Previdência e pela greve geral.

Os motivos do ato devem ser muito claros. Deve ser assegurada a participação de todos que queiram derrotar as reformas. Por isso, não deve ser Lula a fechar ato nenhum. Se falar, deve falar como qualquer outro. Deve ser muito claro que o ato não é seu, nem em sua defesa.

A greve geral é possível e necessária, e a unidade de ação em torno dela é em base à luta para derrubar as reformas.

Defendemos “Fora Temer e fora todos eles!”. Não defendemos que a alternativa seja voltar a ter um governo Lula ou um governo do PSDB que vão continuar governando em primeiro lugar para os ricos.

Defendemos derrubar os de cima para que os de baixo governem em Conselhos Populares e garantam pleno emprego, acabando com o privilégio de banqueiros, multinacionais e corruptos.


Editorial do jornal Opinião Socialista 532