Crise na Petrobras: Graça Foster e cinco diretores renunciam
Na Operação Lava a Jato, deflagrada em março do ano passado e que investiga um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo a Petrobras, grandes empreiteiras e políticos, o nome de Graça Foster foi envolvido diretamente nas denúncias.
Em dezembro, a ex-gerente de Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca disse, em entrevista, que alertou pessoalmente Graça Foster sobre irregularidades de que teve conhecimento.
O Conselho de Administração da Petrobras informou que vai se reunir nesta sexta-feira, dia 6, para eleger novos executivos e o governo Dilma já deu início às articulações para definir o novo presidente da estatal.
A opção seria por um “nome do mercado, ligado ao setor do petróleo”. Até o nome do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles teria sido defendido por Lula. A presidente Dilma estaria empenhada em definir o novo presidente da estatal ainda no mês de fevereiro.
Crise se aprofunda
A situação de Graça Foster se tornou insustentável com os indícios de que a presidente da companhia sabia do esquema de corrupção e nada fez. O fato é que o escândalo na Petrobras se aprofunda.
Na Bolsa de Valores, as ações da empresa vivem um momento de sobe e desce, fruto das investigações e da especulação. Afinal, sempre é tempo de ganhar dinheiro...
Já os trabalhadores estão sob um brutal ataque do governo e das empreiteiras. No Rio de Janeiro, por exemplo, num dos maiores canteiros de obras da Petrobras, o Comperj, milhares de trabalhadores estão sem receber salários, verbas indenizatórias e estão perdendo os empregos. Muitos operários simplesmente não têm como voltar para casa.
As empreiteiras estão simplesmente dando o calote nos trabalhadores, muitas sob a alegação de suspensão de contratos e cortes de pagamento por parte da Petrobras. Ainda assim, sobre esse tema, a única ação do governo Dilma foi intervir a favor das empresas, em busca de empréstimos e financiamentos. Para os trabalhadores, nada.
A presidente Dilma tratou de tentar blindar Foster desde o início. Segundo Dilma, a demissão de Foster e da diretoria da Petrobras não era necessária e que as empreiteiras envolvidas nas denúncias devem ser punidas, mas não destruídas. Posturas absurdas.
“A roubalheira na Petrobras é o resultado do avanço da privatização e da terceirização na empresa, que foi transformada em um balcão de negócios, para ser utilizada como moeda de troca pelo governo de plantão e partidos aliados, e fonte de lucro para interesses privados”, denuncia Toninho Ferreira, presidente do PSTU de São José dos Campos.
“Graça Foster e a diretoria da Petrobras deveriam ter sido demitidas há muito tempo. O governo precisa é convocar eleições diretas para a direção da empresa e a nova diretoria ser eleita pelos trabalhadores. Assim, as ações da empresa estarão voltadas ao interesse nacional e do povo brasileiro”, disse Toninho, que é suplente de deputado federal.
“Mais do que nunca a população brasileira precisa sair em defesa de uma Petrobras 100% estatal, sob controle dos trabalhadores, a volta do monopólio do petróleo, bem como a punição de corruptos e corruptores e a estatização das empreiteiras que roubaram dinheiro público”, defende Toninho.