Contra as demissões: mais um forte motivo para parar as montadoras no dia 29

Trabalhadores da Volvo iniciaram greve no último dia 8
13/5/2015 - Nesta segunda-feira, dia 11, a fábrica da Fiat, em Betim/MG, colocou dois mil trabalhadores em férias coletivas. O mesmo fez a Ford, de São Bernardo do Campo, pelo menos, até o dia 22 de maio. A situação nas duas fábricas é mais uma demonstração dos ataques que estão afetando os trabalhadores do setor.

Na Fiat, a dispensa por meio de férias coletivas é pela quarta vez este ano. Os metalúrgicos voltarão ao trabalho apenas no dia 1° de junho. Na Ford, outros 200 trabalhadores entraram em lay-off e terão o contrato de trabalho suspenso por cinco meses.

Este cenário, com lay-offs (suspensão temporária do contrato de trabalho), licenças-remuneradas, PDVs (Plano de Demissão Voluntária) e demissões, de uma forma ou de outra, já atingiu as principais montadoras do país. Nos últimos meses, GM, Volkswagen, Mercedes, Volvo e Renault também já tomaram uma ou mais dessas medidas (veja quadro abaixo).

Mercedes teve de recuar de demissões após greve
Em um ano, mais de 14 mil demitidos
Depois de um longo período de vendas e lucros recordes, e generosa ajuda do governo federal, agora as montadoras alegam que precisam “ajustar a produção”, diante da retração nas vendas de veículos, o que, na prática, tem significado graves ataques aos trabalhadores.

Em abril, as vendas de veículos novos no Brasil somaram 219,3 mil unidades, marcando queda de 25,2% em relação ao volume de um ano atrás. Na comparação com março de 2015, o recuo foi de 6,6%. A queda dos emplacamentos no acumulado do ano está agora em 19,2%, com 893,6 mil unidades registradas entre janeiro e abril, incluindo carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.

Balanço divulgado na semana passada pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), revela que as montadoras de veículos, mais as unidades de máquinas agrícolas, eliminaram 1.300 mil postos de trabalho no mês passado. Este ano, já foram 4.500 demissões e, desde abril de 2014, o total é de 14.600 cortes!

Trabalhadores da GM de São José dos Campos
Ataques encontram resistência
Mas, se os ataques são duros, a resistência e disposição de luta que têm sido demonstradas pelos trabalhadores não ficam atrás.

Na última sexta-feira, dia 8, foram os trabalhadores da Volvo, de Curitiba/SC, que entraram em greve contra a ameaça de demissões. Os metalúrgicos não aceitaram a chantagem da empresa que quer reduzir o valor da PLR em 50% e repassar apenas a inflação este ano. Do contrário, a Volvo anunciou que vai demitir.

Há algumas semanas, foi a vez dos metalúrgicos da Mercedes, de São Bernardo do Campo. A empresa demitiu 500 funcionários que estavam em lay-off e teve de recuar após os trabalhadores da fábrica realizarem uma greve entre os dias 22 e 27 de abril.

A mesma disposição de luta ocorreu na Volks, do ABC, e na GM de São José dos Campos este ano, onde também ocorreram tentativas de cortes, mas os trabalhadores cruzaram os braços em defesa dos empregos. Em ambos os casos, o resultado foi a suspensão dos cortes e a adoção do lay-off.

Para o membro da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, é cada vez mais urgente unificar as lutas dos metalúrgicos do setor em defesa dos empregos.

“As montadoras agem de forma unificada e planejada. Precisamos fazer o mesmo. Não pode ser que depois de serem beneficiados com bilhões de reais do dinheiro público nos governos Lula e Dilma, tentem novamente jogar a crise nas costas dos trabalhadores”, criticou.

Segundo Mancha, a luta pela estabilidade no emprego está na ordem do dia e a luta contra as demissões é mais um forte motivo para parar as montadoras no dia 29 de maio.

No dia 29, dia nacional de paralisação, essa será uma de nossas principais bandeiras. Vamos lutar contra o PL4330 e o ajuste fiscal, e também vamos exigir do governo Dilma que edite uma Medida Provisória que garanta a estabilidade, principalmente nas empresas beneficiadas por incentivos fiscais. Assim como, outras medidas como a redução da jornada de trabalho, a proibição de remessa de lucros ao exterior e a nacionalização de empresas que demitirem em massa”, disse.


MEDIDAS TOMADAS PELAS MONTADORAS

Ford 
Paralisou totalmente a produção de carros e caminhões em São Bernardo do Campo (SP). Dos quase 3 mil metalúrgicos da unidade, a montadora pôs 200 em lay-off a partir do dia 11 de maio, por até cinco meses. Os demais funcionários da linha de produção foram colocados em férias coletivas de hoje até 22 de maio. A empresa mantém ainda 424 trabalhadores em banco de horas desde 23 de fevereiro, por tempo indeterminado.

Fiat
Concedeu férias coletivas para dois mil metalúrgicos em Betim (MG) até 1° de junho

Volkswagen
Todos os cerca de oito mil metalúrgicos da produção da fábrica de São Bernardo estão em férias coletivas de 4 a 15 de maio. A empresa tem 370 funcionários em lay-off em Taubaté (SP), sendo 120 desde o fim de abril e 250, desde março; em ambos os casos, por cinco meses. A empresa mantém ainda 570 funcionários em lay-off desde o início do mês passado, na fábrica de São José dos Pinhais (PR).

General Motors
A GM demitiu no útimo dia 8, cerca de 100 trabalhadores da área de produção em São Caetano. Outros 1.286 estão afastados, sendo 819 em lay-off e 467 em licença remunerada por tempo indeterminado. Em São José dos Campos, a GM anunciou, no dia 5 de maio, a extensão do lay-off para mais 325 trabalhadores. Eles terão o contrato de trabalho suspenso de 8 de maio à 8 de agosto, junto com outros 473 metalúrgicos que estão em lay-off desde março.

Mercedes
São 850 trabalhadores afastados. Segundo a empresa, 750 estão suspensos desde maio do ano passado em São Bernardo, sendo 500 até 15 de junho e 250, até 30 de setembro. A montadora tem também 100 metalúrgicos em lay-off até o fim de maio, em Juiz de Fora (MG). 

Volvo
Encerrou o segundo turno da produção de caminhões esta semana e alega 600 trabalhadores excedentes. Quer demitir, mas os trabalhadores entraram em greve.


Com informações agências de notícias