Caos na saúde: governo reconhece relação entre Zika Vírus e Epidemia de Microcefalia

2/12/ 2015 - No dia 28 de novembro, em nota oficial, o Ministério da Saúde reconheceu a relação entre a contaminação por Zika vírus e a epidemia de microcefalia que já atinge pelo menos 9 estados do norte e nordeste do país.

O Brasil, que costumava notificar 150 casos de microcefalia por ano, passou a registrar em 2015, só até o último dia 21 de novembro, o alarmante número de 739 novos casos, concentrados na região nordeste.

A relação entre a contaminação por este arbovírus (vírus que é essencialmente transmitido por artrópodes, como os mosquitos) e a má formação de fetos humanos é inédita na pesquisa médica mundial e foi confirmada por exames realizados no Instituto Evando Chagas (Ananindeua-PA).

O Zika vírus se prolifera através do mesmo vetor da Dengue e da Febre de Chikungunya, nosso velho conhecido Aedis Aegypti, que agora ameaça toda uma geração de crianças com a morte ou a convivência com graves limitações físicas e mentais.

Esta ameaça é também o resultado do descaso governamental, em todas as esferas, com a saúde pública e das precárias condições de saneamento oferecidas à população do país. O próprio Mistério da Saúde foi obrigado a reconhecer que pelo menos 199 municípios brasileiros encontram-se sob ameaça de surto iminente de Dengue, Chikungunya e Zika vírus.

A Dengue, uma doença grave que pode levar ao óbito, já tornou-se uma ameaça real ao país há décadas. Agora, passamos a sofrer também com a ameaça da febre de chikungunya, uma doença debilitante que pode gerar problemas econômicos por deixar os pacientes ineptos ao trabalho por longos períodos, podendo até mesmo evoluir para quadros crônicos; e do Zika vírus que, como já foi comprovado, pode provocar má formação em fetos humanos ao contaminar mulheres grávidas, sobretudo, àquelas que encontram-se no primeiro trimestre de gestação.

A resposta dos governos, até o momento, têm sido os sucesivos cortes nos investimentos em saúde pública e saneamento, o sucateamento do SUS, a precarização das condições de trabalho dos servidores da saúde, a suspensão de concursos, o fechamento de órgão como a Superintendência de Campanhas de Saúde Pública  (SUCAM) e a ameaça de extinção da FUNASA, órgãos federais responsaveis pelo combate à endemias.

Só a luta de usuários e servidores da saúde pública, em defesa do SUS, da realização de concursos para admissão de novos servidores e da garantia de investimentos públicos em saúde e saneamento, pode reverter esse quadro.

Não vamos pagar pela crise, queremos saúde e saneamento públicos, gratuitos, de qualidade e ao alcance de todos, como preconiza nossa constituição. Fora o ajuste fiscal de Dilma, Cunha, Levy e Aécio! Chega de entregar os recursos do país aos banqueiros, corruptos e empreiteiros!

Por Glailson Santos, de Ananindeua (PA)

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